A notícia conhecida na segunda-feira de que a empresa alemã Lufthansa Technik vai contruir uma fábrica para reparação de peças de motores e componentes de aviões em Santa Maria da Feira, levou a Federação do Partido Socialista do Baixo Alentejo (FPSBA) a referir que se está “a perder uma oportunidade de excelência de reforço da importância estratégica do aeroporto de Beja”.
Em comunicado, o presidente da estrutura socialista, recorda que será um investimento de vários milhões de euros, criando cerca de 700 postos de trabalho, que a concretizar-se em Beja “tirasse bom partido de todas as infraestruturas existentes e cada vez mais dedicadas à aeronáutica industrial”, lembrando Nelson Brito, que a empresa Mesa “se prepara para investir na construção se um segundo hangar para manutenção e reparação de aeronaves em Beja”, concluiu.
No anúncio do investimento em Santa Maria da Feira, a Lufthansa Technik referiu que a localização do investimento “foi tomada em cooperação com o Governo”, justificando também deputado socialista eleito pelo distrito, que o presidente da Câmara de Beja lhe garantiu que “o Município nunca foi contatado do sentido de apresentar as potencialidades deste território”, que poderia permitir que o aeroporto pudesse avançar com a 2ª fase de ampliação da placa de estacionamento de aeronaves.
No comunicado, a FPSBA acusa a AICEP-Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, tutelada pelo Ministério da Economia, “Tem responsabilidades em não ter estudado a opção de Beja, num investimento que seria estruturante para o território.
Investimentos anunciados e falhados em Beja
Parte I- Em 2011 Aeromec assinou contrato e treze anos depois foi para Ponte de Sôr
Em fevereiro de 2011, a Aeromec, era tida como a primeira empresa de manutenção de aeronaves a instalar-se no aeroporto de Beja. Naquela época foi assinado um contrato entre a Aeromec – Mecânica de Aeronaves e a ANA, que tinha Pedro Beja Neves, diretor da ANA responsável pelo aeroporto de Beja.
O acordo entre as duas partes pressupunha um investimento de cerca de cinco milhões de euros na construção de um hangar para a manutenção de aviões wide body e narrow body. O prazo para a cedência do espaço dentro do aeroporto de Beja era de 30 anos. A instalação da Aeromec em Beja deveria criar cerca de 100 postos de trabalho.
Treze anos depois do anúncio e assinatura de contrato para o investimento em Beja, a Aeromec virou-se para o Aeródromo Municipal de Ponte de Sôr. O projeto, que deverá arrancar até ao final do ano, prevê, numa primeira fase a contratação de 25 trabalhadores qualificados, com perspetivas de, no futuro, atingir um máximo de 100 profissionais.
Parte II- Aeroneo falha investimento em terreno e instalações da BA 11
Em 22 de setembro de 2017, durante a era da “Geringonça”, foi publicado em Diário da República um despacho assinado pelos secretários se Estado do Tesouro, Álvaro Novo, e da Defesa Nacional, Marcos Perestrello, em que era desafetado do domínio militar o imóvel “Fábrica” composto por hangares e áreas anexas à BA11, em Beja, com uma área de 113.621 m2, destinados à Aeroneo instalar uma unidade industrial de manutenção e desmantelamento de aeronaves e gestão de serviços aeronáuticos.
O contrato inicial tinha a duração de 15 anos, mas, por motivos nunca esclarecidos a Aeroneo nunca celebrou o contrato de arredamento e a “Fábrica” e áreas anexas foram de novo revertidas para o domínio militar.
Teixeira Correia
(jornalista)