A viatura de combate a incêndio envolvida no acidente da passada quarta-feira ia ser inspecionada nesta segunda-feira para corrigir problemas. Três operacionais dos Voluntários de Odemira permanecem internados.
Trinta e seis horas depois do acidente que na passada quarta-feira fez cinco feridos no seio dos Bombeiros Voluntários de Odemira (BVO), foi conhecida na manhã de ontem a notícia que ninguém queria ouvir: “morreu o Dinis Conceição”. O País ficou em choque com a morte do bombeiro, de 38 anos, residente na aldeia de São Luís, no concelho de Odemira.
Eram 08,00 horas quando foi comunicada à família e ao Comando dos BVO, a morte do operacional, que há duas décadas envergava a farda do Corpo de Bombeiros da “Vila do Rio Mira”.
O acidente ocorreu cerca das 20,00 horas de quarta-feira, na freguesia de São Teotónio, quando o veículo florestal de combate a incêndios, onde viajava a vítima e outros quatro colegas que integravam uma das equipas de intervenção permanente (EIP) e regressava ao quartel em Odemira, depois do combate a um incêndio em Sabóia. A viatura circulava na estrada de acesso a Boavista dos Pinheiros, e ao descrever uma curva acabou por capotar, deixando os cinco ocupantes feridos, tendo três ficado encarcerados e dois caídos fora do veículo. Entre estes estava Dinis Conceição que ficou entalado de baixo da cava de uma das rodas do veículo.
Dinis Conceição tinha sido um dos dois bombeiros transportados no helicóptero do INEM para duas unidades hospitalares de Lisboa, face ao estado muito grave que os operacionais apresentavam. Sujeito a duas intervenções cirúrgicas no Hospital de São José, Diniz não resistiu à gravidade das lesões, acabando por falecer.
Três operacionais dos BVO envolvidos no acidente de quarta-feira, um continua internado no hospital de Santa Maria, em Lisboa, em estado tido como “muito preocupante” e os outros dois no Hospital de Portimão.
O quinto elemento que apresenta uma situação menos preocupante, e considerada como vítima, ligeira, e que foi transportado para o Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, teve alta durante a manhã de quinta-feira.
Onda de solidariedade e de “profundo pesar” pela morte do bombeiro
O Município de Odemira manifestou “o mais profundo pesar pelo falecimento de Dinis Conceição” e apresentou “as mais sentidas condolências” à família e Corpo de Bombeiros.
O Presidente da República expressou “profunda consternação” pela morte do bombeiro, referindo que está “acompanhando de perto” a situação dos outros operacionais internados. Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu a sua “solidariedade e condolências à família enlutada”, rematou.
“Recebi com profunda consternação a notícia da morte de Dinis Conceição. Deixo as minhas condolências e solidariedade à família e corporação” escreveu o Primeiro-ministro, Luís Montenegro, na rede social X.
Também a ministra da Administração Interna manifestou o seu pesar e da equipa que lidera, justificando que “Portugal e os portugueses devem expressar uma sentida homenagem e um reconhecimento coletivo a este bombeiro voluntário”, lembrando que o mês o perdeu a vida após o cumprimento de uma Missão.
Viaturas mandadas regressar à empresa encarroçadora
O veículo florestal de combate a incêndios (VFCI), da corporação de Odemira envolvido no acidente que fez os cinco feridos, deveria regressar na próxima segunda-feira à empresa encarroçadora para “corrigir algumas anomalias que trouxeram do encarroçamento”, disse ao Lidador Notícias (LN), o comandante dos BVO, Luís Oliveira.
Esta viatura, tal como a do Corpo de Bombeiros de Mértola, ambas no distrito de Beja, fizeram parte de um primeiro lote de 10 viaturas entregues no dia 14 de maio de 2024, em Ourém, numa cerimónia presidida por Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, e Duarte Costa, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Os veículos florestais de combate a incêndios (VFCI) e os veículos tanque tático rural (VTTR) foram entregues aos bombeiros ao abrigo do programa “Mais floresta-Reforma doi Sistema de Prevenção e Combate a Incêndios” do Plano de Recuperação e Resiliência, com financiamento europeu, num total de 81 unidades, num montante de mais de 14 milhões de euros.
O LN questionou a ANEPC sobre eventuais problemas com as viaturas, incluindo a dos bombeiros de Odemira, que foram mandadas regressar à empresa encarroçadora, a autoridade esclareceu que se “encontra a decorrer um processo de inquérito, de acordo com os procedimentos em vigor, pelo que não será feito qualquer comentário adicional até à sua conclusão”, justificaram.
Teixeira Correia
(jornalista)
