Beja: Cidadão de Cabeça Gorda, o único que fica em liberdade na operação “Corda Bamba”.
Um indivíduo natural de Cabeça Gorda, que fora detido no passado dia 17 de novembro na sequência da operação “Corda Bamba”, é o único que fica em liberdade. Os restantes 17 detidos, 3 dos quais, de origem romana, também neutralizados naquela localidade ficam em prisão preventiva.
Dezassete dos 18 detidos na semana passada pela Polícia Judiciária por suspeitas de tráfico de pessoas, extorsão, lenocínio, falsificação de documentos e associação criminosa ficaram em prisão preventiva, anunciou ontem a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.
Os detidos, com idades compreendidas entre os 20 e os 63 anos, começaram a ser ouvidos na passada quarta-feira, no Tribunal de Instrução Criminal da comarca de Lisboa oeste, em Sintra, tendo o primeiro interrogatório judicial terminado na segunda-feira.
Recorde-se que na aldeia de Cabeça Gorda, concelho de Beja, mais de três dezenas de inspetores da PJ levaram a cabo seis buscas domiciliárias, tendo detido quatro homens, um dos quais português, natural e residente na localidade.
Na altura, segundo foi possível apurar o cidadão alentejano, terá cerca de 30 anos e seria responsável pela contratação de mão-de-obra, para explorações agrícolas na região.
Num antigo lar de Cabeça Gorda (na foto), onde residem mais de 20 cidadãos romenos, foram feitas três detenções e numa outra habitação, os moradores também de origem romena, terão reagido de forma violenta à entrada da polícia da residência.
Em resultado da altercação, dois homens, de 19 e 30 anos, e uma mulher, de 51 anos, ficaram feridos, tendo sido transportados para o Serviço de Urgência do Hospital de Beja, pelos Bombeiros de Beja, onde foram assistindo, tendo horas mais tarde tido alta médica.
A PGDL refere ainda que na operação realizada pela PJ, intitulada “Corda bamba”, foi desmantelada uma associação criminosa, com uma “liderança forte e com membros, na maioria estrangeiros, que se repartiam entre tarefas administrativas, coação e violência das vítimas no trabalho e transporte entre explorações”.
Acrescenta o Ministério Público que a associação transportava imigrantes naturais dos seus países em carrinhas, prometendo-lhes “bons salários, horário de trabalho, cama e roupa lavada” em explorações agrícolas em Portugal, o que os imigrantes não encontravam quando chegavam a Portugal.
O grupo é suspeito dos crimes de tráfico de seres humanos para exploração laboral, exploração sexual de mulheres e extorsão de outras pessoas.
No decurso da operação, a PJ deteve 18 pessoas – 13 homens e cinco mulheres – e realizou 30 buscas domiciliárias e a empresas nas localidades de Ameal (Torres Vedras), Olho Marinho e Usseira (Óbidos), Santiago do Cacém, Vila Nova de Milfontes e São Teotónio (Odemira), Cabeça Gorda (Beja) e Serpa.
A PJ apreendeu ainda material diverso alegadamente relacionado com os crimes e identificou mais de uma centena de pessoas.
A investigação, que continua, foi dirigida pelo MP da 4.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Sintra, em colaboração com a Unidade Central de Combate ao Terrorismo (UNCT) da PJ.
Teixeira Correia
(jornalista)