V.N.Milfontes: Vinte e seis anos de prisão para seis arguidos por tráfico de estupefacientes.


Maksym Rarenko, o alegado cabecilha do “Milfontes Connection”, um grupo que controlava o tráfico de droga em Vila Nova de Milfontes, foi condenado a 10 anos e 4 meses, “reduzido” a 8 anos em cúmulo jurídico. Quatro dos seis arguidos ficaram com penas suspensas.

rarenko-e-mota_800x800O Tribunal de Beja condenou a vinte e seis anos e um mês de prisão os seis arguidos, quatro dos quais em prisão preventiva, do grupo que controlava o tráfico de estupefacientes em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, apelidado entre as autoridades locais como “Milfontes Connection”,

Ao alegado líder do grupo, Maksym Rarenko (à frente na foto), um cidadão ucraniano, com nacionalidade portuguesa, foram-lhe aplicados 10 anos e 4 meses de prisão, pelos crimes de tráfico de estupefacientes, detenção de arma proibida e recetação, que em cúmulo jurídico ficou em 8 anos.

Na leitura do acórdão o juiz justificou que Rarenko com o facto de “nem todos os dias a sorte nos bate à porta. Você brincou demasiado tempo com  o fogo. Utilize a sua inteligência em coisas válidas, não no crime”, concluiu.

Outro dos arguidos, Luís Mota (atrás, de cabelo rapado), foi condenado a 4 anos e 3 meses de prisão, mas o juiz presidente do Coletivo, Vítor Rendeiro, não suspendeu a pena porque o arguido “já tinha sido condenado pelo crime de tráfico e recusou fazer as horas de trabalho que substituiu o 1 ano e 2 meses de prisão”, sustentou.

O magistrado justificou as penas com o facto das declarações feitas pelos arguidos em primeiro interrogatório judicial “terem sido feitas de livre vontade, sem coações ou constrangimentos”, rebatendo as posições defendidas com alguns dos advogados em fase de alegações finais.

Uma alteração da tipificação do crime do tráfico de estupefacientes, para tráfico de menor gravidade, levou que fosse promovida a suspensão das penas para quatro dos arguidos, por serem inferiores a cinco anos.

Dois dos arguidos que estavam liberdade, Bruno Nascimento e Pedro Silva, foram condenados a 3 e 6 meses de prisão e a 2 anos e 6 meses, respetivamente. Marco Martins, punido com 3 anos e 6 meses de prisão e Manuel Francisco a 2 anos e a 500 euros de multa ou 65 dias de prisão, e que estavam detidos nas cadeias de Beja e Silves, saíram em liberdade, perante a satisfação de familiares e amigos que assistiram à leitura do acórdão.

Vítor Rendeiro justificou ainda que “foram desvalorizados os depoimentos de muitas das testemunhas, por terem sido inverosímeis e muitas baseadas em mentiras”, entre as quais a de um sargento da GNR, que prestou serviço no posto de Vila Nova de Milfontes e ainda ligado ao Destacamento de Odemira, e que defendeu Maksym Rarenko. Nos meuos locais, o ucraniano é tido como “um velho conhecido e amigo das autoridades locais”.

Ao longo da audição das testemunhas foram mandadas extrair pelo Ministério Público dez certidões pelo crime de falsas declarações. Na leitura do acórdão o presidente do Coletivo acrescentou mais uma: “o tribunal quer saber quem é o agente “Batista” que passava informações aos arguidos. Queremos saber se existe e quem é. Tem que ser punido”, rematou.

Os arguidos, com idades entre os 21 e os 39 anos, foram detidos em meados de fevereiro do corrente ano, no decurso de uma “musculada” operação de combate à droga, levada a cabo pela GNR, que contou com a presença de cerca de 100 militares do Comando Territorial de Beja e da Unidade de Intervenção.

Na operação a GNR apreendeu diversas quantidades de cocaína, heroína, cannabis e exctasy. Foram ainda apreendidas armas de fogo e munições, armas brancas, petardos, gorros, sinais luminosos laser, 20 telemóveis, ouro, prata, jóias, 2800 euros em dinheiro e uma viatura de alta cilindrada.

Teixeira Correia

(jornalista)


Share This Post On
468x60.jpg