Alqueva: Barragem perto do quinto enchimento.


Do “Construam-me Porra” ao quinto enchimento. Dificilmente a Barragem de Alqueva poderia ter melhor prenda.  

Dezanove anos depois do fecho das comportas para enchimento, 8 de fevereiro de 2002, a barragem de Alqueva está próxima de alcançar o quinto enchimento pleno da sua história, atingindo o armazenamento de 4.150 hectómetros cúbicos de água, à cota de 152 metros.

Ontem às 09,00 horas, e de acordo com informações da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA) ao Lidador Notícias (LN), o maior lago artificial da Europa, com uma área de 250 quilómetros e cerca de 1.160 quilómetros de margens, armazenava 3.309,20 hm3 e estava à cota 148,17 metros e com 79,73% da sua capacidade máxima.

Alqueva encheu pela primeira vez em 12 de janeiro de 2010, situação que voltou a repetir-se em março desse mesmo ano, a água foi libertada para o leito do rio Guadiana pelas comportas secundárias. No início de 2013 a barragem encheu pela terceira fez e desta feita foram abertas as comportas de superfície e realizadas as maiores descargas de água de sempre, que fizeram subir os limites do Guadiana e muita gente perdeu os animais, que tinha de forma ilegal no leito do rio.

A última vez que encheu na plenitude foi no início de 2014, mas na altura a EDIA não fez descargas para o “Grande Rio do Sul”, fazendo o controlo através da central hidroelétrica, produzindo energia.

Apesar da muita chuva que tem caído nos últimos dias na região Alentejo, é de Espanha, região onde tem chovido muitíssimo, é através do açude de Badajoz que tem entrado a maior quantidade de água que levou ao aumento dos níveis de Alqueva. Em Portugal a água entrada pelo açude do Monte a Vinha, situado a 2 quilómetros a sul da cidade extremenha, entre os dias 7 e 8 de fevereiro o caudal atingiu os 675 metros cúbicos por segundos.

Carlos Silva, responsável das Relações Públicas da EDIA, justificou ao LN, que “o açude de Badajoz é o mais importante para o enchimento de Alqueva”, acrescentando que a sul de Elvas “há diversos afluentes do Guadiana, mas que não descarregam tão importantes quantidades de água”, concluiu.

Colocado quanto perante a um possível novo enchimento da barragem, Carlos Silva não alimenta previsões: “é difícil de dizer de enche em 2 ou 3 três dias, todo depende do que continuar a chover”, deixando a garantia de que “não é linear que se tal suceder possam existir descargas para o Guadiana, pode ser aproveitada para produzir energia elétrica através da central hidroelétrica” rematou.

Após 2.400 milhões de euros de investimento, 21 anos de obras e 19 a encher, além da produção de energia, Alqueva robustece duas importantes garantias: o reforço do abastecimento público de 13 concelhos do Alentejo com mais de 200.000 habitantes, incluindo Beja e Évora e da capacidade de rega de 120.000 hectares de diversas culturas.

Longe vão os tempos em que alguém escreveu nas paredes da ponte do rio Guadiana, quando o coroamento da barragem era uma quimera: “Construa-me Porra”.

Teixeira Correia

(jornalista)


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