“Os agricultores são amigos do ambiente, não são nenhuns vilões como alguns os quiseram apresentar”, disse hoje o ministro da Agricultura, durante a apresentação da estratégia “Água que une” aos agricultores e às instituições do sector do distrito de Beja.
Na sessão que decorreu na sede da ACOS-Agricultores do Sul, em Beja, José Manuel Fernandes e deixou a mensagem de que “o Alqueva é a Autoeuropa da agricultura. Rende ao Estado 339 milhões de euros em receita fiscal”, reforçando a importância que a vida agrícola em redor da grande barragem tem na economia nacional.
A estratégia “Água que une” foi apresentada no passado dia 9 de março pelo Primeiro-ministro, e no distrito de Beja prevê entre outros a ligação ao Algarve a partir do Pomarão (Mértola) e de Alqueva à barragem de Santa Clara (Odemira) via a do Monte da Rocha (Ourique). O alteamento e aumento capacidade da barragem de Alvito e a construção de duas novas albufeiras nas ribeiras de Terges e Cobres (Beja) e Carreiras (Mértola) são tidas como essenciais para as reservas de água.
Quando colocado perante o facto do PSD poder não continuar a governar Portugal e o programa ficar pelo caminho, José Manuel Fernandes foi cáustico para o anterior Governo do PS: “que não tenham a tentação de não o fazer. Já chegou o facto de termos perdidos 8.300 milhões de euros do PRR que tinham que ser sinalizados até 31 de agosto de 2023, para além de terem desmantelado o Ministério da Agricultura”, acusou.
Também oradora na sessão, Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e da Energia, natural de Beja, justificou que as obras das ribeiras de Terges e Cobres e Carreiras, estavam assinaladas antes do acordo com Espanha sobre a gestão dos recursos aquíferos.
“Os 60 hectómetros cúbicos (hm3) que Espanha deixa utilizar, 30 hm3 são para o Pomarão e os outros 30 hm3 ficarão à disposição do Alqueva para a ligação a Santa Clara e para fortalecer o caudal ecológico do Guadiana com a retenção de águas nas duas novas barragens”, justificou a ministra.
Graça Carvalho acrescentou ainda que a intervenção no Pomarão é mais expressiva, permitindo “reabilitar as margens do Guadiana para um maior benefício para as populações no capítulo do abastecimento de água em localidades do concelho de Mértola e também para a navegabilidade do rio”, rematou.
Os governantes reforçaram a ideia de que não são os recursos financeiros o maior desafio para cumprir a estratégia, mas a “aprovação dos projetos que não devem demorar uma eternidade para os concluir”.
Teixeira Correia
(jornalista)