Suspeitos são homem e mulher que estavam a viver em casa das vítimas, num monte em Baleizão, Beja. As duas viaturas dos estrangeiros de 79 e 71 anos desapareceram.
Fernando Belmonte de 54 anos e Mónica Lourenço de 37 anos, são suspeitos de ter matado um casal de alemães septuagenários, em Baleizão, no concelho de Beja, para se apoderarem dos carros e de dinheiro das vítimas. Os suspeitos foram ontem detidos pela Polícia Judiciária.
O duplo homicídio terá ocorrido em meados do mês de abril, mas os corpos só foram descobertos na última quarta-feira, 10 de maio, após um alerta do filho das vítimas, que não conseguia contactar os pais, residente na Quinta do Paraíso Janedi, em Baleizão.
A Diretoria do Sul da Polícia Judiciária informou ontem que conseguiu “apurar que as vítimas terão sido agredidas através de objeto contundente, pelos suspeitos, com os quais, ao tempo, partilhavam habitação”. O relacionamento entre os dois casais “vinha-se deteriorando”, explicou em comunicado.
Os detidos foram acolhidos por Jan Otton, de 79 anos e Ilse Ediltraud, de 71 anos, um casal alemão, que há muitos anos vivia na Quinta Paraíso Janedi.
Na passada quarta-feira, a GNR foi ao local e, como os moradores não deram sinal de vida, telefonaram para o número de emergência 112, levando a que, pelas 11.36 horas, fossem acionados os bombeiros “para uma abertura de porta”.
Dentro da casa, os corpos do casal septuagenário foram encontrados já em avançado estado de decomposição. O corpo de Jan estava junto à porta, enquanto o de Ilse estava na cama, no que aparentava ser uma “posição de defesa”.
Inspetores da Diretoria do Sul da Polícia Judiciária recolheram provas no interior da habitação e, além de lesões observadas nos cadáveres, dois pormenores chamaram a atenção dos investigadores: as duas viaturas automóveis do casal tinham desaparecido e os seus dois cães andavam soltos na quinta.
A última vez que o casal foi visto na aldeia de Baleizão foi precisamente há um mês, no passado dia 10 de abril, quando se deslocaram à Junta de Freguesia para pedir ajuda na limpeza do terreno circundante da habitação e da propriedade. Na altura o manobrador da retroescavadora que iria fazer o terreno não conseguiu contatar Jan ou Ilse e não fez o trabalho solicitado pelo casal. As autópsias aos corpos ainda vão ser feitas, no Gabinete Médico-Legal de Beja.
Interrogatórios adiados
Ontem, os suspeitos foram presentes a um Juiz de Instrução Criminal do Tribunal de Beja, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medida de coação adequada. Foram identificados, mas o interrogatório só deverá ser feito hoje.
Quinta do Paraíso a “Quinta da Morte”
A propriedade onde ocorreram os crimes foi comprada por Jan Otton ainda antes de este se reformar e de ter trazido Ilse para a chamada “Terra da Catarina”, como é conhecida Baleizão, pela homenagem a Catarina Eufémia. O casal batizou de Paraíso de Janedi, que são a junção do primeiro nome do homem (JAN) e as iniciais do segundo nome da mulher.
Detenções em casa em Aljustrel
O casal suspeito do duplo homicídio foi detido, pelos inspetores da Polícia Judiciária de Faro, em Aljustrel. Estava numa casa que ali teria arrendado.
Crimes de furto e homicídio
Os suspeitos vão ser hoje interrogados por um juiz sobre crimes, pelo menos, de homicídio e de furto. Segundo informações recolhidas pelo JN, desapareceu um cartão bancário das vítimas com que foram feitos movimentos.
Acolhidos para limpar o terreno
O casal esteve a morar em Albernoa e mudou-se para Baleizão, onde arrendou uma casa mas terá sido despejado, por falta de pagamento. Foi aí que, a pretexto de limpar o monte dos alemães, o casal português se mudou para ali.
Teixeira Correia
(jornalista)