Beja: Arguido entrou de manhã no tribunal em liberdade e já almoçou na cadeia.
O depoimento de uma ex-companheira “tramou” um arguido em liberdade. Um homem entrou ontem no tribunal com termo de identidade e residência (TIR) e já almoçou na prisão. O caso tem a ver com a prática em co-autoria de dois crimes de homicídio qualificado de forma tentada.
Luís Raposo, 30 anos, um dos acusados da prática em co-autoria de dois crimes de homicídio qualificado de forma tentada, entrou na manhã de ontem (quarta-feira) em tribunal com termo de identidade e residência, depois de ter tomado café em liberdade, mas acabou por almoçar no Estabelecimento Prisional (EPRBeja) de Beja, depois do testemunho de uma das suas ex-companheiras.
Esta alteração da medida coação não é habitual durante as sessões de inquirições, mas o Coletivo de Juízes, presidido pela magistrada Cristina Calado, considerou que face ao depoimento da mulher existia o perigo do arguido, poder continuar “a atividade criminosa” e face ao “alarme social e a perturbação da ordem”, a gravidade dos novos fatos “exigiam medidas mais duras”, concluiu.
Alexandra Pratas, a primeira das três relações do arguido, de quem tem dois filhos, e que fora arrolada como testemunha de acusação no decurso da segunda sessão do julgamento, confessou em tribunal que o ex-companheiro lhe disse que “antes de ir preso mato duas pessoas”, deixando perceber tratar-se da depoente e do irmão do suspeito, uma das duas vítimas dos crimes.
De acordo com o relato feito em tribunal, a confissão terá ocorrido em Beja, depois de no Monte do Acácio, em Cuba, um seu amigo, António Lopes, 44 anos, ter tentado matado matar a ex-companheiro e o atual namorado, irmão de Luís.
O caso aconteceu na noite de 2 de fevereiro do corrente ano, no monte a cerca de 4 quilómetros de Cuba, quando o ex-companheiro de Elsa Bautista, 28 anos, esfaqueou esta, depois de primeiro ter atacado o homem com quem ela vivia, António Raposo, 41 anos.
Apesar de ninguém o ter assumido, apesar da insistência do Coletivo de Juízes e do Procurador do Ministério Público, uma trilogia passional ou relações amorosas cruzadas, envolvendo cinco pessoas, as vítimas, os arguidos e a mulher de um destes, estarão na origem das tentativas de homicídio do homem e da mulher, segundo os depoimentos produzidos no Tribunal de Beja.
Luís Raposo terá descoberto que o seu irmão (António Raposo) se envolveu com a mulher e sabedor de que António Lopes procurava a ex-companheira (Elsa Bautista) para se vingar de esta o ter deixado, terão sidos as motivações para que os arguidos se tivessem aliado levar a cabo os crimes.
António Raposo, está em prisão preventiva no EPR Beja desde a tarde de 3 de fevereiro, dia seguinte a terem sido cometidos os crimes, enquanto que Luís Raposo, deu entrada na prisão mais de nove meses e meio depois dos fatos e uma semana após o início do julgamento.
Teixeira Correia
(jornalista)