Beja: Bairro da Força Aérea tem mais de duas centenas de apartamentos desabitados.
A Força Aérea (FA) não o admite, mas são mais de duas centenas, os apartamentos fechados no antigo Bairro dos Alemães, localizado na zona Sudoeste de Beja. Só no edifício conhecido como a “Torre”, os 10 pisos tem 60 apartamentos abandonados, alguns no topo do prédio servem de dormitório aos pombos.
Em resposta a questões colocadas pelo Lidador Notícias (LN), o Gabinete de Relações Públicas da FA, faltando à verdade, assume somente que edifícios vagos no bairro “existe um edifício devoluto, com 41 apartamentos, que se encontra encerrado há mais de uma década, vulgarmente designado por “Torre”, justificam.
Como se pode comprovar pela bateria de campainhas à entrada do edifício, são 60 os apartamentos (segunda foto), depois o edifício funcionou até há meia dúzia de anos como Alojamento dos Oficiais em Trânsito, tendo em finais de 2011 sido visitado, pelos menos duas vezes, por militares da Coreia do Sul (quarta foto), quando se estudava a instalação na BA11, de uma escola de formação avançada de pilotos de aviões de combate, incluindo 25 caças T-50 Golden Eagle.
O Bairro Residencial foi construído há 50 anos com a chegada das unidades de instrução da Força Aérea Alemã (Deutsche Luftwaffe) e tem um total de 330 habitações. Trata-se de uma zona residencial composta de arruamentos, parques de estacionamento, zona verdes e diversas instalações de apoio social. A partir de 1993 e com a saída dos alemães de Beja, o bairro passou para a posse da FA e está sob a administração direta do Comando da Base Aérea (BA) 11, através do chamado Grupo de Apoio da unidade.
Os militares residentes do bairro pagam por um apartamento T3, entre 40 e 50 euros/ mês, tendo que deixar os apartamentos depois de passarem à situação de Reserva ou deixaram em definitivo a Força Aérea.
Apesar da falta de habitações em vários setores da sociedade civil em Beja, nomeadamente, por parte da Câmara Municipal, Instituto Politécnico (IPBeja), PSP e Hospital, e da degradação e abandono a que bairro residencial está vetado, a FA não se mostra disponível para fazer protocolos de cedência para arrendamento. A situação toma proporções de anedotismo, quando é público que o Regimento de Infantaria 1, unidade operacional do Exercito, vai receber 50 cidadãos refugiados procedentes da Eritreia.
O caso já mereceu discussão numa das reuniões do Executivo da autarquia de Beja, tendo o presidente da Câmara justificado que “era muito bom que existissem muitos bairros com a dimensão e a qualidade desses habitações, bem como o seu planeamento”. O autarca reforçou que apesar do seu estado, se a “Torre” fosse intervencionada “teria uma capacidade de alojamento muito útil que poderia resolver alguns problemas habitacionais”, rematou.
A Câmara Municipal vai reabilitar imóveis para arrendar a jovens casais, num investimento estimado de 1,1 milhões de euros. A edilidade pretende criar 16 fogos para casais até aos 40 anos, com contratos de arredamento de 5 anos e uma renda entre os 150 e os 200 euros.
O IPBeja tem seis residências de estudantes com 405 camas, com a capacidade totalmente lotada. Face a diversos protocolos a instituição tem 379 estudantes estrangeiros, 274 dos quais são dos PALOP e 90% destes estão alojados nas residências, o que leva a que os estudantes portugueses externos à região, não consigam vagas nas residências.
Por seu turno o Comando Geral da PSP lançou um concurso para alugar um apartamento T3, para Casa de Função a ser ocupada pelo futuro 2º comandante do Comando Distrital de Beja. Também no Hospital José Joaquim Fernandes, sente-se o drama da habitação. Os médicos internos que estrão 5/6 anos na instituição “poderiam mais facilmente fixar-se na cidade, caso tivessem alojamento para alugar”, disse fonte hospitalar.
Na resposta enviada das Relações Públicas da Força Aérea, sustenta que já colaborou com instituições da cidade “através da cedência temporária de apartamentos”, assumindo que as habitações existentes no bairro “destinam-se a ser habitadas por militares na efetivação de serviço, colocados na BA11”, rematam.
Teixeira Correia
(jornalista)