Beja: Catarina Martins (BE) defende “regras sobre o ordenamento do território”.


Mais do que desentendimentos Governo/ PR, para o Bloco de Esquerda “importa proteger o território e recursos hídricos””, defendeu hoje em Beja, Catarina Martins.

“Mais importante do que mal entendidos entre o Governo e o Presidente da República, devemos proteger o futuro e isso passa pelo ordenamento do território e a proteção dos recursos hídricos”, sustentou Catarina Martins, esta manhã em Beja, durante uma visita que tinha como objetivo a “denúncia de crimes ambientais e patrimoniais”, ocorridos naquele concelho.

Em causa estão as práticas desregradas da empresa espanhola De Prado, SA, que entre abril e agosto, arrasou uma ponte romana e quase duas dezenas de sítios arqueológicos assinalados no PDM de Beja, para serem plantados 3.000 hectares de amendoal superintensivo, a norte da cidade alentejana, entre a Estrada Nacional 121 (ligação a Lisboa) e o aeroporto de Beja.

A líder do Bloco de Esquerda (BE) sustentou que “tudo aqui neste amendoal foi feito sem olhar a regras. Entraram as escavadoras e destruíram tudo”, acrescentando que “há que ter regras sobre o ordenamento do território”, concluindo que existe também “um consumo de água sem controlo, num ano de seca”, rematou.

Catarina Martins foi mais longe ao afirmar que “a barragem e a água de Alqueva foi muito desejada pelo Alentejo, pelas melhores razões”, deixando duras críticas sobre o facto das monoculturas intensivas “não criam emprego, não deixam valor acrescentado e têm provocado danos ambientais muito graves”, disse.

“A monocultura não serve para uma agricultura estruturada. O estado tem muitas fragilidades, porque não tem recursos para estarem presentes onde são necessários”, justificando Catarina Martins que para o “BE é importante proteger a água e ser racional no seu consumo”, atirou.

Presente esteve também o arqueólogo Cláudio Torres, que lembrou a importância e riqueza dos Barros (Gabros) de Beja. “Esta terra negra é das mais ricas do país. Ao fim de 4/5 anos a terra fica morta com este tipo de culturas. Importamos cereais e permitimos este tipo de culturas intensivas sem interesse”, rematou.

O Ministério Público (MP) está investigar a alegada destruição de vários sítios arqueológicos durante as operações de movimentação de terras. O caso está a ser investigado na sequência de uma queixa-crime apresentada no passado dia 31 de agosto pela Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) contra a empresa De Prado Portugal, cujos administradores não prestam declarações.

Inquirida sobre a aquisição da TVI pela Altice, Catarina Martins defendeu que foi “um tremendo erro entregar a TDT à PT, outro tremendo erro foi permitir o desmembramento da PT e entregar à Altice, aumentar o erro é permitir a compra da TVI, Plural e outros conteúdos, coloca em causa a pluralidade e a liberdade de informação”, concluiu.

Teixeira Correia

(jornalista)


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