Beja: Dezasseis arguidos em julgamento por auxílio à imigração ilegal.
Uma empresa portuguesa e a sua gerente, com sede e residência no freguesia de S.Teotónio, concelho de Odemira, e catorze cidadãos estrangeiros, búlgaros, moldavos e romenos, começam hoje a ser julgados no Tribunal de Beja, acusados dos crimes de associação de auxílio à imigração ilegal e de falsificação de documentos.
Dezasseis arguidos, doze homens e duas mulheres estrangeiros e uma mulher portuguesa, com idades compreendidas entre os 32 e os 49 anos, e uma empresa lusa, começam esta segunda-feira a ser julgados no Tribunal de Beja (foto de arquivo do Lidador Notícias), pelos crimes de associação de auxílio à imigração ilegal e de falsificação de documentos, sobre a maioria dos arguidos, a cada um são atribuídos cerca de meia centena de cada deste último crime.
O caso já tinha chegado a tribunal, mas, a fuga de um dos arguidos de origem moldava, para o seu país de origem e que não foi notificado, levou a juíza Ana Batista, presidente do Coletivo do Tribunal de Beja, a adiar o julgamento desta rede ligada ao auxílio à imigração ilegal.
O tribunal recebeu o aviso de receção da notificação do arguido assinado, como tendo sido rececionada, mas a ilegibilidade da letra levou a considerar o mesmo como não válido. O facto de não existir qualquer requerimento do acusado ou seu representante para que pudesse ser julgado à revelia, levou a juíza a emitir uma carta rogatória e adiar o julgamento para 15 de Junho.
Os casos remontam a 2007, quando o grupo de forma fraudulenta angariou mais de quatro dezenas de cidadãos na Moldávia a quem cobrou em 1.000 e 4.000 euros/ por pessoa, para conseguir vistos de trabalho para laboral em Portugal.
Com a ajuda de Sófia Rosendo, gerente da empresa Sudoberry, localizada em Brejão/São Teotónio (Odemira), eram emitidos contratos promessa de trabalho e declaração da empresa, sendo depois conseguidos os vistos laborais junto da Embaixada de Portugal, em Bucareste, na Roménia. Depois de conseguida a autorização, os angariadores abandonavam os cidadãos moldavos no nosso país, sem nunca trabalharem para a empresa angariadora.
Liderado pelo búlgaro Yulyan Anastasov, vulgo “Kólia”, o grupo obteve cerca de meia centena de atestados de residência para cidadãos originários da Bulgária e ilegais em Portugal, a viverem no concelho de Odemira.
Os angariados eram transportados para uma residência em Olival de Basto, concelho de Odivelas, e na imediações da habitação, recolhiam carimbos e assinaturas de comerciantes e residentes para requererem o atestado de residência.
As requisições foram conseguidas na Junta de Freguesia de Olival de Basto, mediante o pagamento de quantias que variavam entre 150 e 200 euros, por pessoa. Depois dirigiam-se à Câmara e Finanças de Odivelas e obtinham os atestados de residência. Com base neste documento os cidadãos búlgaros angariados obtiveram os Certificados de Registo de Cidadania Europeia, emitidos pela autarquia, mediante o pagamento de 7,00 euros cada um.
Só em Janeiro de 2009, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), conseguiu apanhar “Kólia” e o grupo, ao encontrar na sua residência, em Zambujeira do Mar (Odemira), diversos documentos de angariados que permitiu perceber os crimes e acusar os arguidos, que se encontram em liberdade. Para o julgamento, com um Tribunal Coletivo, estão arroladas cerca de meia centena de testemunhas de acusação.
Alguns dos arguidos e crimes de que estão acusados
Sudoberry (empresa): 1 crime de auxílio à imigração ilegal.
Sofia Rosendo, gerente da empresa, 39 anos (Portugal): 37 crimes de falsificação de documento e 1 crime de auxílio à imigração ilegal
Yulyan Anastasov, 49 anos (Bulgária): 48 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal e 1 crime de detenção de arma ilegal.
Ion Olaru, 51 anos (Moldávia): 39 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Vadin Bors, 35 anos (Moldávia): 39 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Ivan Cunup, 48 anos (Roménia): 39 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Adrian Pantazi, 32 anos (Moldávia): 39 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Miroslav Andrianov, 48 anos (Bulgária): 9 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Dimitar Yordanov, 36 anos (Bulgária): 9 crimes de falsificação de documento e 1 crime de associação de auxílio à imigração ilegal.
Ion Pelin, Valeriu Bezusco, Efim Bezusco, Natalia Nicorici, Dumitru Mirzac, Anastasia Triboi e Veaceslav Rabei estavam envolvidos num processo anexo, que posteriormente à acusação dos nove arguidos, foi anexado ao principal, estando também acusados dos mesmos crimes.
Teixeira Correia
(jornalista)