Beja: Doente com alta do Hospital de Évora, “ignorado” pela Direção Clínica da ULSBA.


Joaquim Bexiga, residente em Beja, está há quase 10 meses internado no Hospital de Évora, onde tem alta clínica há 4 meses para poder ser tratado no domicílio. Direção Clínica da ULSBA não tem dado a resposta necessária à situação.

Um doente internado no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e com alta médica há pelo menos 4 meses, aguarda que a Direção Clínica do Hospital de Beja/ Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) assuma a prestação de cuidados médicos, para que seja transferido para a sua residência, na capital baixo-alentejana.

Joaquim Bexiga Rosa, 48 anos, técnico especialista de telecomunicações e voluntário dos Bombeiros de Beja, está internado no HESE desde 11 de julho de 2017, depois de lhe ter sido diagnosticada uma Obstrução Intestinal Não Especificada e ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica para colocação de um cateter central no peito, por onde recebe a alimentação parentérica (liquida).

O doente está a ocupar uma cama no Hospital de Évora, quando podia estar no seu domicílio, quando há muito tem alta clínica. O Hospital de Évora deu formação aos Serviços Farmacêutico e de Nutrição e Equipa de Apoio Domiciliário do congénere de Beja, mas Joaquim Bexiga continua “amarrado” à cama do hospital e “impedido” de estar em casa.

“Estou preso não numa cadeia, mas num hospital, longe dos meus filhos e da minha mãe. Tem-me valido a dedicação, humanismo e profissionalismo de médicos, enfermeiros e auxiliares do Hospital de Évora”, diz triste, mas reconhecido.

No dia 11 de Abril, o Lidador Notícias (LN) enviou mails aos Conselhos de Administração (CA) da ULSBA e do HESE a solicitar esclarecimentos sobre a situação do doente. Numa primeira resposta o CA da ULSBA informou que “a Direção Clínica (liderada pelo médico José Aníbal) não tem conhecimento do caso”.

Por seu turno a resposta do HSE não deixava dúvidas sobre quem tem “empatado” o processo e revelado “desinteresse” pelo doente. A unidade justificou que “perspetivando a alta do doente e a necessidade de manter o apoio, no domicílio do doente, organizou a logística que permitirá o mesmo após a alta”, justificam.

Como o hospital de residência de Joaquim Bexiga é Beja (ULSBA), o HESE “fez o contato no sentido de programar a sua transferência e o respetivo tratamento em ambulatório”, acrescentando que dada a complexidade do caso “houve necessidade de formar a equipa de apoio da ULSBA”.

A administração do HESE é taxativa quando afirma que o doente “tem a alta clínica preparada e aguarda informação da ULSBA para a data e local de transferência do doente”, assegurando que o mesmo continuará a ser seguido na Consulta Externa “tendo já estabelecido a articulação multidisciplinar necessária”, remata.

Face a estas respostas de Évora, que colocavam em causa os procedimentos da congénere de Beja, no passado dia 16 de abril, foi solicitada, com o carácter de Urgente, uma reunião com a administração da ULSBA, para esclarecer toda a situação.

Em vez da reunião, no dia seguinte foi enviado um esclarecimento que contradiz a primeira versão de “desconhecimento do caso”. No documento são “confirmados” os contatos com a HESE para a “articulação de diferentes serviços”, ressalvando que a ULSBA “não dispõe” da especialidade de Gastroentrologia, “reiterando” a sua preocupação pelo caso do doente e que “tudo fará”, com a colaboração do HESE, para prestar “cuidados adequados, num período temporal muito breve”, rematam.

Enquanto isto Joaquim Bexiga conta de forma desesperada as horas que passam. “A minha mãe vem de Beja a Évora quase todos os dias. Ou vem no Expresso ou os bombeiros dão-lhe boleia”, lamentando o facto de se sentir “abandonado pelo hospital da minha terra”.

No passado dia 3 de maio, o LN voltou a perguntar à ULSBA “qual o ponto de situação” sobre o caso do doente Joaquim Bexiga, pedido que não teve resposta. Pelo meio das duas perguntas colocadas à unidade de saúde, o LN apurou que o Diretor Clínico, José Aníbal, foi de férias e o assunto continuou em “banho-maria”.

Joaquim Bexiga revelou que das conversas diárias com quem o trata e assiste, sabe que o HESE enviou para Beja “relatórios clínicos e de alimentação, além dos dados de custos, por causa da alimentação”, afirmando “não perceber” a razão dos entraves, mas que todos os dias “sonho ver o castelo de Beja”, rematou.

FICHA (Quem é quem)

Joaquim Marinheiro Bexiga Rosa, 48 anos, divorciado, pai de três filhos, um rapaz de 25 anos e duas raparigas, de 9 e 15 anos. Técnico Especialista de Telecomunicações e voluntário dos Bombeiros de Beja, foi internado no Hospital do Espírito Santo de Évora, em 11 de julho de 2017, com uma Obstrução Intestinal Não Especificada, tendo em 22 de dezembro sido sujeito a uma intervenção cirúrgica para colocação de um cateter central no peito, por onde recebe a alimentação parentérica (liquida).

Teixeira Correia

(jornalista)


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