Apresentou queixa no Ministério Público contra os militares que estavam no posto de Beja, por ter sido agredido. Indiciado de quatro crimes não nega os atos, mas alega legitima defesa.
O homem que mordeu um militar da GNR no nariz, no posto de Beja, em janeiro deste ano, alega legítima defesa e diz que também foi agredido. Já apresentou queixa no Ministério Público (MP) contra o guarda, mais dois elementos que o acompanhavam e outros, desconhecidos. Na altura, o Comando Geral da Guarda revelou que dos distúrbios resultaram “três militares feridos, um deles em estado grave”, além de “danos no interior do posto”.
“Fui agredido física e verbalmente e, depois de algemado, fui agarrado pelo pescoço e quase sufocado. Reagi à falta de ar e mordi o guarda. Era a única forma de me defender. Foi uma reação em legitima defesa”, assegura, ao Lidador Notícias (LN), Manuel Ramos, 33 anos, que, na madrugada de 13 de janeiro, atacou o militar à dentada.
Depois de cinco meses em prisão preventiva, o arguido recorreu para o Tribunal da Relação e desde 23 de junho que está em prisão domiciliárias, com pulseira eletrónica. Vive em Cuba (concelho) com a companheira e dois filhos menores
Ramos está indiciado de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada, um de injúrias agravado e um de condução de veículo em estado de embriaguez. Não nega os atos violentos, mas assegura que “antes e depois de ter sido transportado ao hospital e antes de ser presente a tribunal” foi “agredido a pontapé, agarrado pelo pescoço e quase sufocado”. “Esfregaram-me a cara com a esfregona com que limparam o chão do sangue do guarda”, garante.
Abordagem estranha
O arguido diz ainda que não é praticante de artes marciais, como foi dito na altura e afirma ter sido “ameaçado se ficasse em liberdade que iria ter mais problemas”. Motorista de longo curso há nove anos, Ramos assegura que nunca teve qualquer problema em nenhuma fronteira ou nos muitos países da Europa que percorreu. Acha, por isso, estranha a forma como foi abordado na estrada pela GNR quando seguia de carro com a mulher e os filhos.
“Fui logo acusado de ser eu que vinha a conduzir, quando era a minha mulher. Se era eu que vinha a conduzir embriagado porque razão vai a minha mulher do veículo da GNR com o guarda Carlos Dias e eu vou com outro militar e os meus filhos no meu carro, para o posto?”, questiona.
Teixeira Correia
(jornalista)