Beja: Julgamento do homicídio de Francisco Ferro.


Homicida, Manuel Santos (“Blé Açorda”) confessou ter matado o amigo à facada, por este o ter ofendido. Ministério Público defendei homicídio simples e não qualificado.

“Ele estava bêbado e ofendeu-me. Chamou-me cabrão, filho da puta e mandou limpar a casa com os cornos. Passei-me. Agarrei na faca e matei-o”, justificou ontem ao Coletivo de Juízes do Tribunal de Beja, Manuel dos Santos, acusado da morte do amigo Francisco Ferro, com seis facadas.

Conhecido como “Blé Açorda”, de 59 anos, o arguido sustentou que a vítima, vulgo o “Chinês”, de 63 anos, “foi atingido com três facadas”, acrescentando que o mesmo “estava de frente para mim e tentou defender-se”, alterando a versão de deu às autoridades quando foi ouvido no dia do crime e na fase de inquérito.

Apesar dos juízes e do Ministério Público (MP) acreditarem que a vítima foi atacada pelas costas, corroborado pelo inspetor da PJ de Faro que sustentou que “foi surpreendida pelo agressor, não havia sinais de defesa”, nas alegações finais António Marcante defendeu que o arguido deveria ser condenado por homicídio simples e não qualificado, como estava acusado, já que “apesar de tudo, não foi por um motivo fútil ou por dá cá aquela palha” sustentou o Procurador do MP.

O advogado de defesa de “Blé Açorda” acebou por subscrever a posição do MP relativamente ao pedido de condenação do seu cliente quanto à qualificação do crime sustentando que “o que está em causa é se o arguido é ou não inimputável”, sustentou. Pinela Fernandes tinha apresentado um requerimento onde pediu uma avaliação médico-legal ao seu cliente, defendendo que “sofre de perturbação de personalidade e de problemas psiquiátricos”, baseando-se nas conclusões dos relatórios social da Direção-Geral dos Serviços Prisionais e médico de psiquiatra, pedido rejeito pelo MP e pelo Coletivo de Juízes.

O crime ocorreu cerca das 13,30 horas do dia 26 de maio do ano passado, na casa do arguido, em Beja, tendo a vítima sido atingido com seis facadas na zona do tórax e abdómen, que lhe perfuraram o pulmão e o diafragma do lado direito e lhe provocaram a morte. Depois saiu de casa e confessou o crime na Esquadra da PSP da cidade.

No final “Blé Açorda” disse estar “arrependido do que fez e se pudesse voltava atrás”, estando a leitura do acórdão marcada para a tarde do próximo dia 12 de março.

Acusação: O arguido está acusado de um crime de homicídio qualificado e outro de detenção de arma proibida. O MP pediu a condenação por homicídio simples.

Indemnizações: Os dois filhos da vítima constituíram-se assistentes no processo e pedem avultadas de indemnização por danos não patrimoniais.

Teixeira Correia

(jornalista)

 


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