Os cinco elementos do grupo fizeram dezenas de furtos desde janeiro de 2022, mas foram presos a primeira vez em Beja, em fevereiro do corrente ano, mas libertados pelo Ministério Público. Quatro já estão em prisão preventiva.
Quatro dos cinco elementos do “gangue dos hipers”, com idades compreendidas entre os 22 e os 35 anos, três portugueses e dois brasileiros, que atuaram em várias localidades do país, cujo modus operandi consistia no furto de computadores portáteis, telemóveis e bebidas espirituosas de elevado valor, já estão em prisão preventiva. Em fuga está o quinto elemento, de 29 anos, sobre quem pende um mandado de captura e é procurado pela PSP.
O grupo procedente de uma localidade do concelho de Odivelas (Lisboa) é suspeito de mais de três dezenas de furtos praticados desde janeiro de 2022, na zona da Grande Lisboa, Algarve e Alentejo.
O Comando Distrital de Beja (CDB) da PSP anunciou a captura de dois dos suspeitos, de 22 e 24 anos, que depois de presentes a um Juiz de Instrução Criminal (JIC) do Tribunal de Beja, foram colocados em prisão preventiva. Dois dos membros do grupo já se encontram na situação de presos preventivos, por crimes idênticos, mas à disposição de outros processos investigados em distintas comarcas do país.
O “gangue dos hipers” foi detido no passado dia 11 de fevereiro, no interior da loja do Modelo, no Ratail Parque de Beja, numa altura em que o grupo já tinha dois carrinhos de compras com telemóveis, smartwatch e bebidas espirituosas, tudo avaliado em 6.930 euros. Os cinco indivíduos foram neutralizados pela ação da PSP, tendo somente um deles, praticante de artes marciais, resistido aos agentes da PSP, mas acabou também detido.
O grupo foi traído por um furto feito no dia anterior na loja da Worten, no Continente localizado no outro extremo da cidade, junto ao IP2, de onde levaram diverso material eletrónico e telemóveis cujo valor ascendia a 1.200 euros. Aquando deste furto, e depois de visionadas as imagens das câmaras de filmar, os agentes da Esquadra de Investigação Criminal (EIC) pediram informações a outros comandos distritais e perceberam que estavam em presença de um grupo muito perigoso e organizado. Um dos suspeitos cometeu o erro de levar a mesma roupa, um fato de treino vermelho, que facilmente identificou o grupo. Após a entrada no estabelecimento do Retail Parque, os agentes “à paisana” aguardaram que estes estivessem prontos para sair do espaço para atuarem e fazerem as detenções.
Na altura foi também apreendida uma viatura de alta cilindrada, que tinha sido furtada, diversas chapas de matriculas falsas, que os suspeitos usavam em cada furto, folhas de serrote, fita isoladora, dispositivos de segurança e 355 euros em numerário. Foram ainda recuperados 10 telemóveis e um smartwatch do furto perpetrado no primeiro dia em Beja.
Presentes a tribunal e soltos sem ser ouvidos
Os cinco homens, alguns deles já condenados a penas efetivas de prisão, foram presentes a 13 de fevereiro a um JIC do Tribunal de Beja para aplicação das competentes medidas de coação, mas acabaram por ser libertados sem serem ouvidos.
Na altura o Lidador Notícias (LN) contactou o Procurador Coordenador do Ministério Público (MP) de Beja, que justificou que “atento o segredo de justiça”, confirmou que “os detidos não foram interrogados em primeiro interrogatório”, justificando que o processo “encontra-se em investigação, com vista à recolha de prova”, concluiu.
O LN apurou que quando foram presentes ao JIC, o CDB da PSP juntou mais de três dezenas de inquéritos de outros furtos ocorridos em diversas partes do onde o grupo era o principal suspeito.
Para “não matar” a investigação, terá sido entendimento da cadeia hierárquica do MP, que os detidos ficassem em, liberdade sem serem ouvidos, por forma “a criar o sentido de impunidade” a fazer as detenções à posterior.
Teixeira Correia
(jornalista)