Vítor Ramalho, de 56 anos, um antigo eleito do partido Chega, na Junta de Freguesia de Póvoa de São Miguel, no concelho de Moura, assumiu ontem no Tribunal de Beja que fez dois disparos “um para o chão e outro para o ar, sem qualquer intenção de matar”.
Num julgamento em que está acusado de um crime de homicídio simples, na forma tentada, com recurso a arma de fogo.
O caso aconteceu no dia 8 de outubro de 2021, naquela localidade alentejana, na sequência de uma altercação com Hemin Mohammed, de 41 anos, cidadão curdo com passaporte sueco, tendo o arguido justificado que “fui provocado pelo indivíduo, que me cuspiu duas vezes e perdi a cabeça. Disparei a espingarda, mas não foi na sua direção, nem da carrinha que conduzia”, sustentou ao Coletivo de Juízes.
Os depoimentos de todas as testemunhas, acusação e defesa, foram no sentido de que era impossível um manuseador de armas como o arguido “falhar um alvo a até uma distância de 30 metros dada a sua perícia”, corroborando a versão apresentada por Vítor Ramalho.
Hemin Mohammed, como vítima e Rebecca Andersson, a sua mulher, na qualidade de lesada por ser a proprietária da viatura, não compareceram em julgamento, nem responderam ontem à chamada para prestarem declarações por videoconferência.
Nas alegações finais, o Procurador do Ministério Público (MP) e advogado de defesa coincidiram na tese de que “não ficou provado que houvesse intenção de matar por parte do arguido”, tendo Pedro Mendonça sustentado que o seu cliente deveria ser punido por ofensa agravada.
Falando aos jornalistas, Pedro Mendonça, foi bastante cáustico para com a Polícia Judiciária (PJ): “construíram um processo medonho. A PJ tem interesses que não são visíveis e fizeram uma colagem política (leia-se ao Chega) indigna”, rematou.
A leitura do acórdão ficou marcada para o próximo dia 20 de dezembro, às 14,30 horas, no Tribunal de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)