Beja: Polícia de Moura aposentado, confirma em tribunal parte da acusação.


O agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) aposentado, adstrito à Esquadra de Moura do Comando Distrital de Beja, confirmou a acusação de dois dos quatro casos em que está acusado de se apoderar de armas de cidadãos. Acusou colegas e superiores de fazerem o mesmo por ser “uma situação normal”.

O arguido está a ser julgado no Tribunal de Beja por quatro crimes de peculato, um de falsificação de documento e um de detenção de arma proibida, confirmou parte da acusação, lamentando que “foi um erro. Uma asneira que não devia ter cometido”.

António M., 60 anos, apoderou-se de duas espingardas e duas pistolas que lhe tinham sido entregues na esquadra por portadores ou familiares dos mesmos que as quiseram entregar para abate, mas que fez suas.

O arguido justificou perante o Coletivo, presidido pelo juiz Vítor Maneta que como era colecionador de armas, em vez de rececionaram as armas dos cidadãos, “era prática dos colegas e dos superiores oferecerem se as queria comprar. Houve algumas dadas pelas pessoas”, rematou.

António M. sustentou que tal prática “era uma situação normal. Ninguém se opunha a isso”, apontando o nome do agente Carlos Borralho, como um dos que ofereceu a compra das armas.

Já depois de ter deixado o serviço ativo, o arguido preencheu uma declaração de compra e venda de uma carabina calibre 7,5×55, que não estava manifestada nos ficheiros da polícia, onde apôs um carimbo da PSP. Quando instado pelo Procurador do Ministério Público sobre a forma como acedeu ao carimbo depois de sair da corporações ou que mo auxílio dentro da esquadra, M. respondeu: “Não, não digo mais nada”, rematou.

O caso foi investigado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, pode atingir superiores hierárquicos da PSP, já que o procurador-adjunto mandou extrair certidões para instaurar procedimento criminal tendentes a “apurar” a eventual prática do “crime de denegação de justiça e prevaricação”, pelo possível encobrimento interno dos factos de que o agente era suspeitos.

O julgamento já tem outras sessões agendadas e o agente aposentado arrisca uma pena superior a cinco anos de prisão. Entre as testemunhas de acusação há um chefe e três agentes da PSP da Esquadra de Moura.

Teixeira Correia

(jornalista)


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