Beja: Segundo paraquedas do Sargento Gonçalves que morreu na BA11 não abriu.


O 1º Sargento Gonçalves, do Regimento de Paraquedistas, de Tancos, morreu depois do segundo paraquedas não abriu durante o salto. no decurso do Real Thaw 2019, na BA11. Há divergências na hora do acidente de que resultou a morte do militar.

Porque não abriu o segundo paraquedas do equipamento de salto de queda livre que o 1º Sargento Gonçalves utilizava ontem no exercício Real Thaw 2019 (RT19), é a pergunta que os investigadores da Polícia Judiciária Militar (PJM) vão procurar saber quando puxarem o punho que deveria ter acionado a abertura do sistema do militar.

O Lidador Notícias (LN) apurou que após o salto, até aos 15.000 pés, cerca de 5.000 quilómetros, o militar SOGA (Saltador Operacional de Grande Altitude) acionou o mecanismo de abertura do paraquedas principal, que por motivos ainda desconhecidos não abriu. Por avaria ou impossibilidade do operador, o segundo paraquedas não foi acionado até à altura de segurança, 3.500 pés, cerca de 1.000 metros, o que atirou para a morte o militar paraquedista.

Outro pormenor não menos importante tem a ver com a diferença cronológica dos alertas da ocorrência. O comunicado do Exercito refere que o militar “morreu na sequência de um acidente ocorrido às 09,40 horas”, quando a PROCIV refere que “o despacho de primeiro alerta ocorreu às 10,46 horas”. Situação que para o LN, as Relações Públicas (RP) do Exercito e Força Aérea, tornaram “num passa bola” de responsabilização de comunicação.

A Major Elisabete Silva, do Exército, sustentou que o acidente “ocorreu dentro da BA11”, por seu turno o Tenente-coronel Manuel Costa, da Força Aérea, sustentou que devem ser “as autoridades que conduzem as investigações”, leia-se Polícia Judiciária Militar (PJM), que foi chamada ao local.

O único facto confirmado é que o paraquedista luso perdeu a vida, no interior do perímetro da Base Aérea (BA) 11, em Beja, na sequência de um salto de queda livre operacional. O militar teve morte imediata, face à violência do embate no chão.

Após o alerta da Força Aérea ao CODU foi acionada uma ambulância do INEM dos Bombeiros de Beja (BVBeja) e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital da cidade alentejana. A ambulância do INEM entrou na BA11, mas em virtude do militar ter sido declarado morto, a mesma acabou por regressar sem o corpo. Por seu turno a VMER foi desmobilizada quando seguia a caminho da unidade militar.

O acidente aconteceu durante o exercício multinacional “Real Thaw 2019” (RT19), que junta em Beja militares da Força Aérea, Marinha e Exército portugueses e forças da Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Estados Unidos da América e Nato, num total de 600 participantes e 21 aeronaves.

O corpo do militar foi removido da BA11 por uma ambulância dos BVBeja, que acompanhada de uma viatura da PJM, pouco passava das 15,00 horas, deu entrada no Gabinete Médico Legal de Beja, onde será autopsiado na próxima segunda-feira.

Quem é quem

O 1º Sargento Manuel António Teixeira Gonçalves, tinha 34 anos, era um militar SOGA (Saltadores Operacionais de Grande Altitude) do Regimento de Paraquedistas, sediado de Tancos, é natural de Lordelo (Paredes/Porto) e residia no Entroncamento (Santarém), e é casado com uma cidadã espanhola.

Militar valoroso

O Presidente da República, o Governo, através do Ministro da Defesa, o Exército e o Regimento de Paraquedistas lamentaram publicamente a morte do 1º Sargento SOGA. O seu antigo comandante, Coronel Hilário Peixeiro, que integra a força da Missão Europeia de Treino Militar na República Centro-Africana escreveu: “estamos todos de luto e sentimos a falta deste irmão que partiu no cumprimento do dever, QNPVSC (Que Nunca por Vencidos Se Conheçam)”.

Teixeira Correia

(jornalista)


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