Beja: Trabalhadores agrícolas romenos colocam ações judiciais contra patrões.


Trabalhadores agrícolas romenos movem processos judiciais a patrões, que estão presos por tráfico de pessoas, para cobrar verbas não pagas. Há quem tenha apelidado o caso como “A revolta dos inocentes”.

Sete cidadãos romenos, trabalhadores agrícolas que se dedicavam à apanha da azeitona, moveram processos judiciais no Tribunal de Trabalho de Beja (na foto) contra os seus patrões, também romenos que se encontram presos, entre outros crimes, por associação criminosa e tráfico de pessoas.

Em causa está o pagamento de vencimentos, parte de subsídios de natal e férias e indemnizações, que reclamam depois da detenção dos seus compatriotas e que os deixou sem trabalho e sem recursos financeiros.

Dos sete processos, no valor total de 83.617,08 euros, cinco deles, no valor global superior a 45 mil euros, já chegaram à fase de audiência das partes, seguindo agora para julgamento. Os restantes três deram entrada no início de dezembro.

Os réus nos processos são Florin Adamescu, Constantin e Rafira Rusi e a empresa Verde Prioritário, Lda, que “controlavam a colocação de trabalhadores” em muitas herdades dos concelhos de Aljustrel, Beja, Cuba e Ferreira do Alentejo.

Estes processos são tidos como “inéditos”, foram apelidados como “a revolta dos inocentes”, num sector controlado por cidadãos romenos que trazem os seus compatriotas para o distrito de Beja e depois acabam por ser explorados, sendo-lhes retidos os documentos, recebem verbas irrisórias e vivem em condições deploráveis.

Os três indivíduos fazem parte de um grupo de sete pessoas, detido em dezembro de 2018, no âmbito da operação “Masline” (azeitona em romeno), levada a cabo pelo Serviço de Estrangeiros Fronteiras (SEF), tendo sido acusados pelo Ministério Público (MP) do DIAP de Évora, de cento e dezanove crimes.

Dois dias depois da detenção foi congelada uma conta bancária no valor de 135.000 euros, pertencente a Florin, tido como o cabecilha da rede, tendo no total sido arrestados cerca de 7,5 milhões de euros à rede de tráfico de pessoas.

Crimes

A rede está acusada de 58 crimes de tráfico de pessoas, 1 crime de associação criminosa, 58 crimes de auxílio à imigração ilegal, 1 crime de associação de auxílio a imigração ilegal, para além de 1 crime de introdução fraudulenta no consumo qualificado.

Teixeira Correia

(jornalista)


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