Beja: Trilogia passional na origem de duas tentativas de homicídio.
Começou ontem no Tribunal de Beja, o julgamento de dois homens que no passado mês de fevereiro tentaram matar a ex-companheira de um deles, com quem viveu maritalmente e de quem teve três filhos e o homem com que ela vivia.
António Lopes, 44 anos, ex-companheiro da mulher, e Luís Raposo, 30 anos, irmão do companheiro, estão acusados em co-autoria de dois crimes de homicídio qualificado de forma tentada. António está ainda indiciado de um crime de violência doméstica e Luís de um crime de violação de proibição.
O caso aconteceu na noite de 2 de fevereiro do corrente ano, no Monte do Acácio, a cerca de 4 quilómetros de Cuba, quando o ex-companheiro de Elsa Bautista, 28 anos, esfaqueou esta, depois de primeiro ter atacado o homem com quem ela vivia, António Raposo, 41 anos.
Uma trilogia passional ou relações amorosas cruzadas, envolvendo cinco pessoas, as vítimas, os arguidos e a mulher de um destes, estarão na origem das tentativas de homicídio do homem e da mulher, segundo os depoimentos produzidos no Tribunal de Beja.
Luís Raposo terá descoberto que o seu irmão (António Raposo) se envolveu com a mulher e sabedor de que António Lopes procurava a ex-companheira (Elsa Bautista), terão sidos as motivações para que os arguidos se tivessem aliado levar a cabo os crimes.
Sobre as razões que se atacado a mulher, António Lopes disse a uns magistrados, que “se soubesse que a ela andava com outro ia guardar cabras ? Eu não sou otário”, disse o arguido que cumpre pena de três anos de prisão por violência doméstica sobre a ex-companheira que tentou matar.
António Lopes, que cumpre uma pena de três anos de prisão (na foto à saída do tribunal), por violência doméstica sobre a ex-companheira, um caso julgado em 2013, disse ainda que Luís Raposo o apresentou a um amigo como “o tipo que vai matar o meu irmão”, rematou. Por seu turno Luís remeteu-se ao silêncio, dizendo ao Coletivo que “quero fugir ao assunto”, justificou.
Elsa Bautista, a mulher esfaqueada, acusou o ex-companheiro de ser “muito violento, quando alcoolizado”, deixando o tribunal sem respostas sobre as razões que levaria Luís a querer matar o seu atual companheiro.
Questionado sobre as razões porque queria Luís matá-lo, António falou em inveja, negando que se tivesse “envolvido com a cunhada”, criando um cenário sobre a venda de um carro. As explicações levaram o Procurador do Ministério Público a dizer-lhe que “ciúmes são uma coisa e inveja outra”, concluiu.
Teixeira Correia
(jornalista)