Beja/ V.N.Milfontes: Julgamento de tráfico droga leva à extracção de dez certidões contra testemunhas.


As mentiras de dez testemunhas levaram à extracção de certidões pelo crime de falsas declarações, no julgamento de um grupo,  “Milfontes Connection”, que controlava o tráfico de droga em Vila Nova de Milfontes. Um dos juízes usou a expressão “limpinho”.

beja-traficantes-vnm_800x800Dez das cerca de meia centena de testemunhas de acusação, de um julgamento que decorre no Tribunal de Beja, por tráfico de droga, foi alvo da extracção de certidões pelo crime de falsas declarações.

Só nas sessões de ontem, o Procurador do Ministério Público (MP) mandou extrair cinco certidões. Em causa está o julgamento de uma rede que controlava o tráfico de estupefacientes em Vila Nova de Milfontes.

Apelidado entre as autoridades locais como “Milfontes Connection”, o grupo é composto por seis elementos, com idades compreendidas entre os 21 e os 39 anos, quatro dos quais estão em prisão preventiva (três em Beja e um em Silves), cuja detenção ocorreu em fevereiro do corrente ano.

Apesar de ouvidas em fase de inquérito na presença de um magistrado e de no despacho de acusação do Procurador do MP de Odemira, este ter requerido o afastamento de alguns ou da totalidade dos arguidos da sala de audiência, algumas dessas testemunhas não se coibiram em mentir, isso disseram aos juízes, e contradizer os depoimentos feitos e por si assinados.

Tido como “cabecilha” do grupo, o cidadão ucraniano, com nacionalidade portuguesa, Maksym (Max) Rarenko (na foto à frente do grupo), acusado dos crimes de tráfico de estupefacientes, detenção de arma proibida, receptação, roubo e extorsão, é o arguido de quem as testemunhas deixam transparecer o medo de represálias.

A situação ontem foi de tal forma vergonhosa que o presidente do Coletivo de Juízes não se conteve e aturou a uma testemunha: “passamos aqui os dias a ouvir música. Percebe que já percebi que está a mentir”, justificou. Outro dos magistrados atirou: “você acha que isto vai correr limpinho”, concluiu.

O primeiro militar da GNR de Vila Nova de Milfontes, ouvido na sessão da tarde, fez uma descrição pormenorizada da investigação e fez um organograma oral de como o grupo funcionava apontando a liderança a Rarenko. Fontes da vila, disseram ao Lidador Notícias, que o indivíduo “é um velho e conhecido amigo das autoridades locais”.

Teixeira Correia

(jornalista)


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