Num desabafo publicado nas redes sociais, Luís Oliveira, comandante dos Bombeiros Voluntários de Odemira (BVO), deixa duras críticas à ministra da Administração Interna (MAI), depois de tomar conhecimento que foi levantada a suspensão de circulação das 81 viaturas retiradas de serviço após o acidente mortal, ocorrido em 1 de janeiro, de Dinis Conceição, de 38 anos, operacional daquela corporação.
Em nota divulgada ontem pelo gabinete de Margarida Blasco, foi revelada a decisão de colocar as viaturas ao serviço “após verificação, pelas autoridades competentes de que todas as viaturas se encontram devidamente homologadas pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT)” e que as mesmas passam a reforçar o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR). No documento a titular da pasta do MAI aproveitou para reforçar a sua “total confiança do dispositivo e no trabalho dos bombeiros”, rematou.
A decisão de Margarida Blasco caiu como uma bomba na corporação alentejana, o que levou o seu comandante a expressar a revolta com a forma como todo o processo tem sido conduzido. A ministra da Administração Interna disse que confia nos bombeiros, tendo Luís Oliveira respondido “que pode confiar, mas não se preocupa com os mesmos”.
O comandante dos BVO deixa a acusação de que “depois do acidente e do aproveitamento político e mediático, com exceção do Município de Odemira e da Liga dos Bombeiros, mais nenhuma entidade oficial se preocupou com o estado de saúde dos operacionais feridos no acidente que ceifou a vida ao Dinis”, justificando que é uma demonstração que os bombeiros são “carne para canhão”, rematou
Sobre a homologação dos veículos de combate a incêndios, Luís Oliveira justifica que “não me causou admiração, porque não seria politicamente correto, em tempo de eleições legislativas manter os veículos parados”, acrescentando que os veículos “estão agora homologados, porque não estavam, o que se veio a saber após o acidente”, revelando que os documentos foram entregues pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) num dia e recolhidos no dia seguinte.
Quanto ao facto das viaturas poderem não integrar o DECIR, o comandante da corporação odemirense justifica que “não é solução, porque a população não tem culpa do desgoverno que vivemos, que não é de hoje nem de ontem”, assegurando que os operacionais vão continuar unidos em prol da população, dos bombeiros e honrar a memória de Dinis Conceição, vítima mortal do acidente.
Ao Lidador Notícias, Luís Oliveira garantiu que “como está o processo não sei. Onde está a viatura também não sei. Está desde o acidente à guarda no Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação (NICAV) e em segredo de justiça”, rematou.
Recorde-se que no passado dia 1 de janeiro registou-se um acidente com uma viatura dos Bombeiros de Odemira, que causou a morte de um operacional, tendo o MAI mandado recolher os 81 veículos, autotanques e veículos florestais adquiridos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) entregues pela ANEPC.
Teixeira Correia
(jornalista)