A Ultra Maratona de Cabeça Gorda, aldeia e freguesia do concelho de Beja, organizada pelo Clube Recreativo e Desportivo local, mais conhecido como o “Ferrobico” é muito mais do que um simples evento desportivo, e e real promoção do território nas diversas vertentes.
Participaram na prova, no BTT e Gravel, com 140 quilómetros, cerca de três centenas de atletas provenientes de norte a sul de Portugal.
Destaque para as presenças de Marco Chagas, vencedor de quatro edições da Volta a Portugal, Vitor Graça, Campeão Europeu de Maratona e Rodrigo Gomes, Campeão Nacional de XCM.
Mas o Ferrobico, em conjunto com a Junta de Freguesia, faz do evento uma notável promoção do território, no turismo rural, gastronomia e do cante alentejano.
Pela manhã os atletas foram recebidos na Praça Magalhães Lima, o espaço nobre da aldeia, com um pequeno almoço à base de “fatias paridas”, as tradicionais fatias de ovo ou douradas.
Ao longo do percurso são servidas febras grelhadas de porco preto, linguiça assada e queijos, tudo acompanhado com o excelente pão da região.
Na chegada a população e após o almoço os atletas foram presenteados, com uma relÃquia artesanal com 63 anos, procedente de Mértola, os Gelados Nicolau, que como diz o seu fundador “têm o brinde na ponta do pau”.
Cabeça Gorda é uma terra onde os homens ainda vão à taberna beber um copo de branco ou de tinto acompanhado de um marmelo ou um pero que serve de petisco.
José António, um dos responsáveis da organização, justificou que a Ultra Maratona “é um evento que trás gente de todo o lado e mostra uma realidade cultural, desportiva e social que se vive com grande intensidade e que vem uma vez volta sempre”, concluiu.
O Ferrobico organizou durante década e meia a prova de BTT denominada “Por Terras de Mato, mas o crescente número de inscrições que chegou a ultrapassar as sete centenas e que levou a repensar o formato.
Os resultados não são o mais importante, mas a vitória, a terceira consecutiva em três edições da Ultra Maratona, pertenceu a Rodrigo Gomes, Campeão Nacional XCM, numa corrida que mereceu um voo a baixa altitude de avião P3C Cup+ estacionado na Base Aérea 11, em Beja.
O porquê de Ferrobico
O clube foi criado em 22 de março de 1976, começando a disputar os campeonatos de futebol da então FNAT, o vigente INATEL, e depois de algumas goleadas a equipa marcou um golo e feliz um sócio gritou: “hoje ferrámos o bico” e assim ficou a alcunha de Ferrobico.
A coroa de glória foi a Taça de Portugal
Em 4 de janeiro de 1980 o Ferrobico recebeu, em Beja, o Penafiel que tinha como treinador/jogador António Oliveira que tinha deixado o FCPorto, que foi derrotado pelo Cabeça Gorda por 1-0, façanha ainda hoje recordada nos meandros futebolÃsticos.
Teixeira Correia
(jornalista)