Carmelo de Beja: Encerrado há um ano, foi esvaziado o ano passado e está ao abandono.


Em 27 de setembro de 2022, as duas últimas freiras da Ordem das Carmelitas foram enviadas para Sevilha. Um ano depois, membros da Ordem vindos de Espanha e duas leigas da Ordem Terceira esvaziaram o convento. Agora está ao abandono.

O portão principal continua fechado a correntes e cadeado, no interior a imagem é degradação total. Portões vandalizados, ervas por todo o lado na frontaria do edifício, oliveira, laranjeiras e terrenos por cuidar, é o abandono completo do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus.

Em entrevista ao Lidador Notícias, em 29 de setembro de 2023, D.João Marcos, o então Bispo de Beja, conhecido pela alcunha de “Bispo Pintor”, sobre o esvaziamento do Carmelo este afirmou “estar a par do que se está a passar”, e que a Ordem dos Carmelitas está a retirar todo o recheio do Carmelo para a sua sede em Espanha “porque lhes pertence. Não é património da Diocese”, justificando que tal se fica a dever ao facto da Ordem “não ter gente para reabrir este mosteiro. As irmãs que estavam no Carmelo estão agora em Sevilha”, concluiu.

“Todo o património que está no Carmelo é da Ordem e querem levá-lo e não há oposição a fazer. Não há aqui segundas intenções, é tudo legitimo”, assegurou o máximo responsável da Diocese de Beja.

Sobre o futuro da instituição o Bispo de Beja justificou que “é tudo legitimo, não há segundas intenções”. As irmãs do Instituto/ Congregação Hesed, de origem brasileira, que têm casas em Elvas e no Torrão (Alcácer do Sal), podem ser as novas habitantes do espaço. Mas volvido um ano nada se passou.

O processo de encerramento do Carmelo de Beja começou em 12 de julho de 2019, quando a Santa Sé assinou o decreto que tornava definitiva a medida, uma decisão que só foi tornada pública três meses depois pelo bispo de Beja, D. João Marcos. A decisão da Santa Sé foi justificada pela falta de religiosas, tendo o responsável máximo da Diocese de Beja justificado que “o mosteiro é uma comunidade e para existir comunidade pelas normas da Santa Sé, têm que haver pelo menos sete pessoas”, explicou o bispo.

No dia 28 de abril de 2019, quando o Carmelo celebrou os 65 anos da sua Restauração, a Eucaristia foi presidida pelo Vigário da Diocese Padre Rui Carriço, uma vez que o D. João Marcos se tinha ausentado para o estrangeiro, tendo dois meses depois sido conhecida a decisão da Santa Sé em encerrar o convento.

Na manhã de 22 de outubro de 2022, os portões do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja, apareceram na manhã desta quinta-feira pejados de papéis de protesto contra o encerramento daquele espaço religioso.

O Carmelo do Sagrado Coração de Jesus foi fundado em abril de 1954 pelo D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura determinante na restauração da Dioceses de Beja. Para refundar o Carmelo, naquela data vieram de Sevilha seis carmelitas, quatro portuguesas e duas espanholas, entre as quais a Madre Priora.

O Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, que foi fundado em Abril de 1954 por D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura fulcral na restauração das Dioceses de Beja. 

Para refundar o Carmelo, naquela data vieram seis carmelitas de Sevilha, quatro portuguesas e duas espanholas, incluindo Madre Priora. O Mosteiro foi edificado num terreno cedido por um casal de Beja, Maria e Francisco da Cruz Martins, tendo na altura do fecho em 2022, os herdeiros dos doadores colocado a possibilidade de reversão do mesmo, caso não fosse destinado à missão para que tinha sido cedido à Ordem dos Carmelitas.

Teixeira Correia

(jornalista)


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