Coesão: Ministra defende ferrovia e aeroporto de Beja.


Em entrevista ao “Dinheiro Vivo”, publicação da Global Media Group, Ana Abrunhosa defende que “aeroporto de Beja não substitui o de Lisboa, mas é uma aposta importante”. A governante fala também do aumento da “navegabilidade do Guadiana”.

Ao “Dinheiro Vivo”, a ministra da Coesão defende a ferrovia e o aeroporto de Beja, justificando que “a aposta é sempre valorizar o que temos pelo território e se temos essa infraestrutura onde já investimos milhões de fundos europeus”, acrescentando no entanto que “não acredito que possa substituir o de Lisboa”, rematou.

Podem os planos para a ferrovia tornar o país mais integrado?
Já vamos tarde, muito tarde. Enquanto país, não soubemos fazer a escolha certa nesse domínio. Já devíamos – e não culpo nenhum governo – ter feito a opção pela ferrovia há muitos anos. Felizmente o MIH tem autorização das Finanças para um concurso de mais de 700 carruagens, tem o Plano Nacional de Investimentos e tem o objetivo de que todas as distritais sejam ligadas por ferrovia a um eixo estruturante. Isso é absolutamente fundamental.

Como a ligação Elvas-Beja…
Que já está a ser trabalhada. A opção em ferrovia tem sido o eixo atlântico – Lisboa-Porto-Vigo e Sines-Caia. E nesse troço o concurso está a ser preparado, há verba, é questão de tempo. É a ligação Lisboa-Madrid pelo corredor nacional sul, que depois liga Sines, Setúbal e com transporte de mercadorias competitivo. Não esqueçamos que Sines é uma grande porta de entrada na Europa. Teremos transporte competitivo quer de mercadorias quer de pessoas.

E pode ser um incentivo a que a opção do novo aeroporto seja em Beja?
O aeroporto de Beja tem muitos anos, a primeira pista foi construída por alemães mas já lá investimos mais de 30 milhões de fundos europeus para melhorar, temos indústria aeronáutica… a nossa mensagem e aposta é sempre valorizar o que temos pelo território e se temos essa infraestrutura onde já investimos milhões de fundos europeus e do OE, há que adaptar e perceber que investimento podemos fazer para ter aquele aeroporto para pessoas e negócios. Não acredito que possa substituir o de Lisboa.

Mas pode ser complementar?
Eu diria que é importante. Se fizermos bem as contas e tendo em conta o potencial de indústria aeronáutica ali em Évora, Ponte de Sor, e se em simultâneo procurássemos que aquele aeroporto tivesse outras funções, uma coisa levava à outra. O Alentejo é um dos destinos turísticos mais sustentáveis, mais procurados em período de pandemia, pela segurança e tranquilidade. Ter um aeroporto ali era importante para várias atividades económicas, nomeadamente o turismo.

O Alentejo tem uma grande fronteira com a Extremadura espanhola. Os territórios hoje não são só os países, há a realidade transfronteiriça. Há um território ainda de mais baixa densidade do que os territórios fora da raia e há que trabalhá-los?
É preciso sim. Pela primeira vez, em outubro, os dois países assinaram uma estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço, onde decidimos e definimos os projetos prioritários para ambos. E todas as ligações que achávamos prioritárias estão no PRR ou financiadas por OE. E há excelentes exemplos. Um em cada quatro habitantes da Extremadura fala português correto, portanto a cooperação com Portugal está no topo das prioridades. Nos temos projetos no âmbito da agricultura, da energia, em vários domínios de cooperação.

E o Guadiana vai ser navegável de Badajoz até ao Alqueva?
Esperamos aumentar a navegabilidade do Guadiana. Um dos objetivos é fazê-lo gradualmente, está nos nossos objetivos e como proposta nas estratégias das regiões.

Para barcos de que porte?
De médio porte. Mas será muito importante por questões turísticas e não só. Naquele território temos cada vez mais procura de projetos de energias alternativas. São territórios que se adequam muito a isso. Mas queremos mais do que isso, porque estes projetos em geral não criam muitos empregos. Queremos, ligada a isso, uma atividade na manutenção industrial, ligada a estas áreas com centros de competências para produzir profissionais que a atividade exige. Depois, Alentejo e Algarve têm problemas graves de água, e teremos em breve a barragem do Pisão – vamos assinar na sexta-feira o contrato no âmbito do PRR com a estrutura de missão do PT2020. É uma boa notícia porque é mais uma barragem com impacto na agricultura e a contribuir para trazer água de consumo humano e a outras atividades potenciais, nomeadamente na produção de energia, como o Alqueva já tem, ligados às tecnologias da informação, tudo altamente tecnológico e que leva para os territórios pessoas altamente qualificadas.

Notícia: Dinheiro Vivo/ Lidador Notícias

Foto: Reinaldo Rodrigues/ Global Imagens


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