EM MEMÓRIA DA MARIA JOÃO E DO ANTÓNIO.


Hoje dia 23 de junho, completam-se nove anos do falecimento da Guarda Principal Maria João Moura do Guarda Principal António Godinho, que perderam a vida vítimas de um trágico acidente rodoviário, ocorrido em cumprimento da “Operação Cegonha” e tal como em anos anteriores, o artigo desta semana visa homenagear estes dois grandes seres humanos.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

A “Operação Cegonha” realizada no âmbito dos exames nacionais, e como referido no nosso artigo, do dia 7 de junho denominado “Operação Pica-pau: Um caso único no mundo”, é garantida pelos elemento das Forças de Segurança (FS) afetos ao Programa Escola Segura, garantindo que as provas decorrem com normalidade e tranquilidade em todas as fases do processo.

Verificando-se assim, que ano após ano, os exames nacionais têm decorrido com a normalidade e tranquilidade que a isso exige, sendo só possível devido ao grande profissionalismo e espírito de sacrifício de todos os elementos das FS empenhados, merecendo da nossa parte o maior reconhecimento por esse trabalho invisível, mas que muito contribui para o sucesso da missão, num evento da maior importância, não só para os alunos que realizam as provas, mas também para toda a comunidade escolar, sendo um caso único no mundo.

Foi com esse espírito de sacrifício, abnegação e coragem, que a Maria João Moura e o António Godinho, pertencentes à Seção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário, do Destacamento Territorial de Reguengos de Monsaraz, no dia 23 de junho de 2014, se deslocavam na EN nº 256, pelas 16h18, depois de terem entregue, na sede de Agrupamento de Exames em Évora, os exames nacionais de matemática do 9º ano, realizados nessa manhã, nas escolas que tinham à sua responsabilidade, quando ocorreu o trágico acidente que lhes tirou a vida.

Por motivo do seu trabalho no âmbito dos Programas Escola Segura e Apoio 65 – Idosos em Segurança, a Maria João Moura e o António Godinho conseguiram granjear uma grande proximidade com toda a população de Reguengos de Monsaraz, especialmente os mais novos e os mais velhos, tendo a autarquia de Reguengos de Monsaraz lhes prestado a devida homenagem, no dia 29 de abril de 2017, com a atribuição dos seus nomes a uma rua, junto a uma escola daquela cidade, tendo também no ano passado o Comando Territorial de Évora os homenageado com a atribuição do seus nomes à Sala de Atendimento à Vitima, inaugurada no dia 26 de novembro de 2022.

Pelo exposto facilmente se percebe que o trabalho que a Maria João Moura e o António Godinho desenvolveram, marcou todos quantos com eles contactaram, sendo o Projeto “Gerações de Mãos Dadas”, o expoente máximo desse trabalho, que nasceu em 2011, da necessidade de envolver a comunidade mais nova, com os mais velhos, fomentando a comunicação, interação, partilha de conhecimentos e experiências e a solidariedade entre as crianças e idosos sob o lema “Ninguém é tão novo que não possa ensinar e ninguém é tão velho que não possa aprender”.

Tendo em conta os resultados apresentados, foi o Projeto “Gerações de Mãos Dadas”, considerado pelo Comando-geral da GNR como boa prática e apresentado à 3ª edição do “Prémio Manuel António da Mota”, cujo tema do prémio no ano de 2012 foi subordinado ao “Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações”, juntamente com mais 180 instituições.

Após uma primeira avaliação foi o projeto selecionado pelo Júri para integrar as 10 candidaturas finalistas, que posteriormente foram apreciadas in loco, tendo por esse motivo, a Coordenadora do “Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações”, Drª Joaquina Madeira, se deslocado a Reguengos de Monsaraz, e no final da avaliação tipo oportunidade de referir “… que o projeto da GNR é um exemplo de originalidade em Portugal e na Europa, não se conhecendo outra Força de Segurança que desenvolva semelhante atividade”, cuja avaliação realizada foi ainda acompanhada pela TSF, que realizou uma reportagem com o título “Vou avisar os meus avós”.

No dia 16 de dezembro de 2012 no Palácio da Bolsa no Porto, receberam das mãos do Presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil, SPPS, Dr. António Mota, uma menção honrosa e um prémio pecuniário no valor de 5.000 euros, bem como os maiores elogios de todos as outras instituições e membros do júri.

Mas o seu maior orgulho foi verem a GNR reconhecer-lhes o seu trabalho, ao implementar o Projeto “Gerações de Mãos Dadas” em todo o dispositivo da GNR, no dia 1 de outubro de 2012, para assinalar o “Dia Internacional do Idoso”, tendo sido realizadas 184 ações, que empenharam 403 militares e abrangeram 5.036 idosos e 4.751 crianças, tendo esse trabalho sido ainda reconhecido através de público louvor, onde foram realçadas as “…elevadas qualidades humanas, elevada dedicação ao serviço, invulgar sentido do dever e da responsabilidade, aptidão para bem servir e sensatez no desempenho das diversas missões e tarefas que lhe têm sido confiadas”.

Outros tantos reconhecimentos foram sendo manifestados ao longo da sua carreira, fazendo parte os milhares de agradecimentos e elogios que recebiam todos os dias de centenas de crianças e de idosos, que viam na Maria João Mouro e no António Godinho os seus “Anjos da Guarda”, por terem pautado, tanto a sua vida profissional, como a sua vida pessoal no fazer o bem e em dar o seu modesto contributo para melhorar a qualidade de vida das pessoas, com quem se relacionavam, especialmente os mais frágeis.

No cumprimento da missão da GNR, foram milhares e milhares os quilómetros que a Guarda Principal Maria João e o Guarda Principal Godinho fizeram nas estradas do distrito de Évora, a caminho das escolas, dos montes isolados, dos lares de terceira idade e das dezenas de instituições com quem a GNR se relaciona e sempre em prol das populações mais vulneráveis, como as crianças e os idosos.

Fisicamente a Guarda Principal Maria João Moura e o Guarda Principal António Godinho deixaram de estar entre nós, mas devido às marcas que deixaram nos seus familiares, nos seus amigos, nos seus camaradas, superiores hierárquicos, autarcas, professores, técnicos e toda a população que serviam, do mais anónimo ao menos, especialmente as crianças e os idosos, não será possível esquece-los, sobretudo a sua alegria de viver e o profissionalismo, que colocaram em tudo o que faziam, cujas características foram todas elas amplamente alvo de agradecimentos e elogios, que com frequência lhes eram dirigidos, especialmente por parte das crianças e dos idosos, que viam na Maria João Moura e no António Godinho os seus “Anjos da Guarda”, que acreditamos ainda hoje, de onde estão, continuam a guardar e a proteger.


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