Farmácias: Interior perdeu mais de cem estabelecimentos desde a crise.
Em seis anos, Portugal perdeu 150 farmácias, três quartos das quais em zonas do interior do país. Ganhou entretanto 200, que se concentraram no litoral. 26,8 % da totalidade das farmácias de Beja com ações de Insolvência. É o 7º distrito com mais casos.
Com 680 unidades insolventes ou sob penhora – mais de um quinto do total do país – a grande parte dos riscos do negócio concentra-se nas zonas mais despovoadas. Portalegre lidera com quase 35% das suas farmácias ameaçadas, seguido de Santarém (30,6%) e Guarda (30,5%).
Os dados são da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que apresentou na Assembleia da República uma petição com 120 mil assinaturas para “salvar as farmácias” do país. O setor quer um novo acordo com o Estado que trate as farmácias “diferentes” de forma diferente, e pede medidas que garantam a coesão territorial da rede.
“Por muito importante que a minha farmácia seja para mim e para os meus clientes aqui em Lisboa, é muito menos importante o seu encerramento do que o de uma farmácia que feche em outras zonas do país”, diz Paulo Cleto Duarte, o presidente da organização que representa mais de 90% das farmácias comunitárias (de rua) do país. “Não podemos tratar de forma igual o que é diferente”.
Dezembro de 2012 a Fevereiro de 2019
Total de 680 Farmácias (23,3% das Farmácias em Portugal) com o registo “Insolvência” e “Penhoras”. Insolvências: 221 e Penhoras: 459
No espaço de 6 anos e 3 meses registou-se um aumento de 262,3% no n.º de insolvências (+ 160 farmácias) e um aumento de 155,0% no n.º de penhoras (+ 279 farmácias), num total de +439 farmácias.
Distrito de Beja em 7º lugar
19 distritos com mais de 10% da totalidade das Farmácias com ações de Insolvência e Penhora. 34,8% da totalidade das farmácias de Portalegre com ações de Insolvência e Penhora 30,6% em Santarém; 30,5% na Guarda; 29,8% em Faro; 29,7% em Setúbal; 29,1% em Lisboa; 26,8% em Beja; 25,6% em Viseu; 24,6% em Vila Real; 22,4% em Coimbra; 20,6% em Leiria; 18,8% no Porto; 18,2% em Viana do Castelo; 17,1% em Bragança; 16,9% na Madeira; 15,7% em Aveiro; 15,6% em Castelo Branco ; 15,1% em Braga; 11,1% nos Açores.
No distrito de Beja são 15 os estabelecimentos em situação de insolvência (12,5%) e de penhora (14,3%).
Em dezembro de 2012, no distrito de Beja existiam 9,1% de estabelecimentos em risco, em dezembro de 2016, esse número aumentou para 25%, em dezembro de 2017, voltou a subir para 26,8% situação que se mantinha em março de 2019.
Teixeira Correia
(jornalista)