Invertendo aquilo que são as regras do jogo na amostragem do “cartão branco”, um gesto simbólico que foi introduzido no futebol para promover o espírito desportivo, o jogo limpo e o respeito em campo, deste feita foi um clube que “mostrou” o retângulo do fair-play a um árbitro.
A “amostragem” do cartão ocorreu nas redes sociais do Clube Desportivo Praia de Milfontes (CDPM) e teve como protagonista o árbitro Tiago Cordeiro, de 38 anos, filiado da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), por um gesto que a instituição considerou que “para além da postura pedagógica com todos os intervenientes desportivos, com uma extrema sensibilidade e humildade no reconhecimento dos possíveis erros de decisão, teve uma atitude em particular nos merece o maior respeito e reconhecimento” destacou o Departamento de Comunicação (GC) do clube.
No domingo, no Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, estavam jogados 20 minutos da partida do Campeonato Distrital da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Beja, entre o Despertar S.C. e o clube de Vila Nova de Milfontes (concelho de Odemira), quando Marlon Vítor jogador desta última equipa, foi atingido com violência na cabeça na sequência da cobrança de um livre.
“O nosso jogador ficou em dificuldades, mas não queria assistência, pois teria que sair de campo e deixar a equipa em inferioridade numérica. O árbitro chamou a equipa médica e informou os dois capitães que Marllon continuaria em campo” revelou ao Lidador Notícias, o responsável pela comunicação do CDPM.
Para o clube do Litoral Alentejano, “foi uma atitude de enorme sensibilidade e altruismo, revelando um extraordinário sentido de responsabilidade das suas funções, e que consideramos ser um exemplo num futebol sempre em constante efervescência”, acrescentando o emblema da praia que “é também importante uma palavra de apreço para o capitão do Despertar pela sua postura de grande fair-play”, concluiu o Praia de Milfontes.
Tiago Cordeiro, polícia de profissão, vai na 16ª época como árbitro, atividade a que regressou este ano, depois de um interregno de cinco anos, integra os quadros regionais da AFBeja, considerou que teve um gesto que “toda a gente faria. Vendo que seria uma lesão grave assumi a responsabilidade de assistir o Homem e depois deixar o jogador em campo”.
“Usei a Lei XVII-Bom Senso. Era só um jogo de futebol e há mais vida para além da bola”, sustentando que pelo facto de ser polícia “a vida deu-me outra forma de ver as coisas e não ter o receio de tomar decisões”, justificando que o gesto do Praia de Milfontes “é um estimulo, mas também mais responsabilização”, concluiu.
Há gestos e atitudes que ainda fazem acreditar os adeptos que o futebol pode ter um futuro risonho e com menos clubites e disputas frenéticas.
Teixeira Correia
(jornalista)