GNR: Militares acusados de agressões que estavam suspensos regressaram ao ativo.


Os sete militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) que pertenciam ao Destacamento de Vila Nova de Milfontes do Comando Territorial de Beja (CTBeja) acusados de maus-tratos e sequestro a imigrantes e que estavam suspensos de funções regressam ao ativo.

Em 7 de janeiro do corrente ano, os militares tinham sido alvo de uma suspensão provisória imposta pela então ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, que seguiu as propostas da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) que recomendava que além das suspensões, por 90 dias e que podiam ser prolongadas pelo mesmo período, o desarmamento foi outra das medidas aplicadas.

De acordo com a edição online do jornal Expresso, os sete militares tinham sido suspensos depois de terem sido tornadas públicas imagens de agressões a trabalhadores indostânicos. Como as medidas eram provisórias e o prazo de suspensão caducou os militares voltaram ao ativo na GNR. Os sete arguidos começam a ser julgados no próximo dia 30 no Tribunal de Beja.

O regresso dos militares foi confirmado ao Lidador Notícias (LN) por fonte do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas do CTBeja, que acrescentou que “nenhum dos sete elementos está colocado na área deste comando, sendo desconhecido os locais onde exercem serviço”, concluiu o nosso interlocutor.

A investigação do processo foi levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal foi revelado pelo LN em 22 de setembro de 2020, quando ainda só existiam quatro arguidos e começado na sequência das detenções de cinco militares ocorridas em 2019, quatro do Posto de Vila Nova de Milfontes e um de Odemira.

Os inspetores apreenderam os telemóveis dos arguidos, tendo detetado fotografias e vídeos onde os cidadãos asiáticos eram obrigados a fazerem flexões, polichinelos e a rastejar tanto no exterior como no interior do posto. Depois de vislumbrar as imagens, o caso foi remetido para o Ministério Público de Odemira que extraiu uma certidão e ordenou a investigação num processo autónomo.

Três dos militares estão envolvidos no primeiro processo julgado por um Coletivo de Juízes do Tribunal de Beja e em cujo acórdão de 3 de julho de 2020, as penas de prisão, suspensas na sua execução. João Miguel Lopes foi a cinco anos de prisão, enquanto que Rúben Candeias e Nelson Lima foram condenados a quatro anos e a três anos e seis meses de prisão, cada um.

Crimes de que são acusados

Rúben Candeias, de 26 anos natural de Beja, está acusado de 11 crimes, sendo seis de ofensa à integridade física qualificada, quatro de abuso de poder e um de sequestro.

Nelson Lima, de 30 anos de Lajes-Praia da Vitória, Diogo Ribeiro, de 29 anos de Arnóia-Celorico de Basto, e Nuno Andrade, de 33 anos de Caçarilhe-Celorico de Basto, estão acusados de cinco crimes cada um, nomeadamente um de abuso de poder e quatro de ofensa à integridade física qualificada.

João Miguel Lopes, de 31 anos da Guarda, está acusado de três crimes, um de abuso de poder, um de ofensa à integridade física qualificada e um de sequestro.

Carlos Figueiredo, de 32 anos da Guarda, e Paulo Cunha, de 27 anos natural do Porto, estão acusados de dois crimes cada um, nomeadamente um de abuso de poder e um de ofensa à integridade física qualificada.

Teixeira Correia

(jornalista


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