A Presidente do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) decidiu encerrar as seis residências de estudantes durante o mês de agosto. Alunos dos PALOP, os principais prejudicados, estão contra a medida. Denúncia feita ao Lidador Notícias revela a realidade.
Em causa está uma decisão de Maria de Fátima Carvalho, exarada em despacho datado de 5 de maio, em que decidiu encerrar as seis residências da instituição, onde estão alojamentos a grande maioria das dezenas de estudantes oriundos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique e que durante aquele mês ficam impedidos de viver nos espaços que ocupam ao longo do ano.
No documento (Despacho n.º 68-PIPB-2023_signed), a presidente “decide e torna público” que as seis residências estarão “encerradas durante o mês de agosto para serviços de alojamentos de estudantes”, acrescentando que os trabalhadores afetos às mesmas “prestarão serviço que lhes sejam superiormente determinados de acordo com a carreira que têm”, não referenciados as tarefas a desenvolver.
A responsável máxima do IPBeja justifica o fecho das instalações com “a desnecessidade de manter em funcionamento as residências de estudantes, por ser período de férias escolares, obviando assim os custos decorrentes da manutenção dos alojamentos, em prol da boa gestão de recursos”, remata.
O Lidador Notícias (LN) recebeu uma denúncia anónima, onde é referido: “ajudem os nossos colegas estudantes internacionais. O Politécnico de Beja está a deixá-los na rua nas férias de Verão. Queriam estudantes internacionais e fizeram protocolos no passado para virmos para o IPB e agora já não querem e não ajudam”, referem no documento enviado à redação.
Os estudantes dos PALOP’s estão contra a medida e os responsáveis por cada uma das seis residências, eleitos como representantes dos utentes, preparavam ações de protesto quando foram confrontados com um mail da presidência, onde esta “recuava na decisão de encerrar as seis residências, deixando uma em funcionamento durante o mês de agosto”. O LN conversou com um desses representante que revelou que “os estudantes podem inscrever-se nos Serviços de Ação Social (SAS), comprovando que não têm família em Portugal e têm aproveitamento estudantil e assim poder aceder a uma das residências que deverá ficar em funcionamento”, justificou a nossa fonte.
O despacho que decide o encerramento das residências não refere, se as pessoas contratadas pelos SAS como vigilantes noturnos dos seis edifícios se prestam outras tarefas, se ficam em casa ou se são forçadas a gozar férias.
Também as quatro escolas, Agrária, Educação, Tecnologia e Gestão e Saúde, vão estar encerradas entre 7 e 21 de agosto, com o Edifício da Presidência/Serviços Comuns I a estar fechado durante todo o mês.
RESIDÊNCIAS DE ESTUDANTES
Os SAS-IPBeja, disponibilizam 399 camas distribuídas por 6 Residências de Estudantes:
Residência Mista I– sita na Praceta Diário do Alentejo – 7800-271 Beja, que dispõe de 53 quartos duplos, 8 quartos triplos e 2 quartos individuais para estudantes com Necessidades Educativas Especiais, disponibilizando um total de 132 camas;
Residência Mista II– sita na Rua Manuel Gomes Serrano – 7800-384 Beja, que dispõe de 69 quartos duplos, 2 individuais e 1 de casal, disponibilizando um total de 142 camas;
Residência Feminina– sita na Rua Cidade de S. Paulo Nº 53 – 7800 – 453 Beja, que dispõe de 15 quartos duplos e 5 quartos individuais, disponibilizando um total de 31 camas;
Residência da Rua de Santo António– Centro Histórico – sita na Rua de Santo António n.º 1 – A 7800-477 Beja, que dispõe de 13 quartos, dos quais 9 são triplos e 4 são duplos, disponibilizando um total de 35 camas.
Residência Masculina– sita na Rua Prof. Bento Jesus Caraça nº 64 – 7900-511 Beja, que dispõe de 23 quartos duplos, disponibilizado um total de 46 camas.
Residência dos Infantes – sita na rua dos Infantes nº 6 – 7800-495 Beja, disponibilizando um total de 13 camas
Teixeira Correia
(jornalista)