Joaquim Canhoto: “O mestre da tosquia de ovinos”.


Há beira de completar meio século como tosquiador de ovinos, pelas mãos de Joaquim Canhoto já passaram vários milhares de ruminantes, se tivermos em conta que por cada campanha tira a lã a 14/ 15 mil animais.

Nome: Joaquim Canhoto, Idade: 65 anos

Profissão: Tosquiador de ovinos

Naturalidade e Residência: Pedrogão (Vidigueira)

Além da vida profissional que o leva às herdades dos cerca de 4.000 associados da Associação de Criadores de Ovinos do Sul (ACOS), que se espalham desde Ourique ao Fundão, Joaquim Canhoto é uma das grandes atrações da Ovibeja, onde durante cinco dias faz centenas de demonstrações para gaudio dos milhares de visitantes da feira.

Tudo começou aos 18 anos na sua terra natal, Pedrogão, no concelho de Vidigueira, com o aparecimento das máquinas elétricas de tosquia, que substituíram as tesouras manuais, que Canhoto descreve como “uma coisa do outro mundo que revolucionou a tosquia”, recorda.

Começou por fazer as tosquias para a Casa Van Zeller no concelho, ma rapidamente começou a trabalhar por conta própria e a percorrer todo o país a tosquiar rebanhos. Seguiu-se uma formação como tosquiador no IROMA, tendo ganho o “Prémio de Melhor Tosquiador”, num total de 80 formandos. Tendo começado a formar novos profissionais por todo o Alentejo.

Em 1983, com a criação da ACOS, Joaquim Canhoto, muda-se de armas e bagagens para Beja e face às novas exigências comunitárias, volta a fazer nova formação e fica com o Curso de Formação de Formadores de Tosquia e passa a coordenar o sector de tosquia da associação que começa a prestar esse serviço aos associados.

A campanha de tosquia de 2019 está no terreno desde o passado dia 15 de março e termina a 15 de junho. “Todos os anos a ACOS contrata duas dezenas de tosquiadores do Uruguay, para conseguir responder aos pedidos dos associado a e tosquiamos perto de 150.000 ovinos”, diz Joaquim Canhoto, que coordenada quatro equipas que estão espalhadas por vários pontos do Alentejo e Beira Baixa.

“A tosquia é um trabalho duro, mas viciante. Tem que se gostar para valer a pena o sacrifício de tosquiar 150 ovinos num dia”, atira sorridente. “O animal é colocado numa posição comoda e para que não se levante. Dependendo da lã, um animal é tosquiado em dois minutos”, revela. Depois da tosquia a lã é empacotada e enviada para uma cooperativa espanhola em Vila Nova de La Serena (Extremadura), onde é escolhida e avaliada.´

Joaquim Canhoto, conhecido como o “Mestre dos mestres da tosquia”, é também uma imagem de marca da Ovibeja e da ACOS, Percorre as feiras do país ligados ao gado ovino, onde faz demonstrações e promove a feira bejense. “Já tive numa Feira em Paris, um dos maiores produtores de ovinos do mundo. Eu tosquiava e um speaker descrevia os passos que eu fazia. Foi algo de divinal que nunca mais esqueço”, remata.

Quando colocado sobre o que mais gosta durante a Ovibeja Canhoto é perentório: “sem sombra de dúvidas que é a gritaria dos milhares de crianças das escolas que vão ver as tosquias. Tenho o seu chilrear nos ouvidos”, atira comovido.

Todos os políticos portugueses já passaram pela feira e Joaquim Canhoto destaca a figura de António Gutterrez, como a pessoa que mais admirou e enalteceu o seu trabalho. “A sua visita era sempre uma certeza”, diz sorridente. Para ver Joaquim Canhoto a trabalhar é visitar a Ovibeja que se realiza entre os próximos dias 24 e 28 de abril.

Teixeira Correia

(jornalista)


Share This Post On
468x60.jpg