Lisboa: Mercearia Alentejana, o Alentejo de lés-a-lés


Em Alvalade, um dos bairros mais antigos e chiques de Lisboa, à boa maneira antiga, a Mercearia Alentejana vende o que de melhor se produz no Alentejo.

Mercearia AlentejanaC_800x800Numa transversal, Rua Acácio Paiva, à movimentada Avenida da Igreja, de montra larga, toldos pretos, com as letras a branco e um cartaz triangular de madeira e ardósia no passeio a anunciar os produtos do dia, encontramos a Mercearia Alentejana.

A sua grande ligação e paixão pelo Alentejo, primeiro pelo facto da família da esposa ser de Moura, depois pelo seu vínculo à terra, enquanto agricultor em Vila Verde de Ficalho, levou António Neves, a investir na abertura do estabelecimento. Recuando no tempo António voltou aos primórdios do comércio de bairro e às antigas mercearias e daí surge o primeiro nome, depois a exclusividade dos produtos vindos de Além-Tejo, deram a restante identidade à loja.

Há cerca de nove meses António investiu e criou a Mercearia Alentejana. Como dizem os clientes, alentejanos ou lisboetas: “do Alentejo, há de tudo como na farmácia”.

Vinhos, enchidos, presuntos, cabeça de xara, pão, queijos, requeijões, azeite, vinagre, azeitonas, doces, compotas, tal como na Ovibeja, na Mercearia cabe “Todo o Alentejo deste Mundo”. Até a carne tem “carimbo”. Da Carnalentejana (DOP) chegam os sabores da tenra carne de ovino, bovino e suíno.

Mercearia AlentejanaA_800x800Grande conhecedor do Alentejo, das suas gentes e dos melhores produtores, este “alentejano aperfilhado”, faz chegar a Lisboa, o que de melhor consegue. De Vila Verde de Ficalho a Portalegre, da Vidigueira a Mértola, das Alcáçovas a Moura, passando por Serpa e Elvas, um autêntico “Alentejo de lés-a-lés”.

“Há malucos para tudo”, assim define António Neves, o seu investimento. “Foi muito ?. Se temos pouco dinheiro, é muito, se temos algum, é relativo, é como uma paixão”, assim desvenda o empresário a sua aposta.

Amante dos bons vinhos e da variada gastronomia alentejana, “os clientes gostam dos produtos pela sua qualidade e genuinidade”, acrescentando que primeiro “provo” e se “gosto pago e compro”, diz a sorrir.

Apesar da crise, António Neves, é um homem “satisfeito”, porque “o Alentejo está na moda” e depois a “organização e qualidade” de todos os produtos que estão na Mercearia, “captam a atenção e o paladar dos visitantes”, remata.

Sempre de olho no Alentejo, não perde uma feira de produtos da região, que se realize em Lisboa ou arredores, “estou presente em todas. Provo, gosto, compro”, é uma das chaves do sucesso.

Para acicatar o gosto pelos produtos alentejanos, António Neves, realiza mensalmente provas gastronómicas e de vinhos, e de copo numa mão e um naco de pão com queijo “se faz o Alentejo”.

Graça Santos, a empregada, moça graciosa, pé ligeiro e boas falas, faz da Mercearia um “lugar de culto”. “Comecei por passar férias, agora faço e adoro a comida. O Alentejo é já para mim uma paixão”, remata. E atendendo mais uma cliente Graça atira: “um cozido de grãos é algo de soberbo”, conclui.

Terminada a entrevista, o jornalista lá foi rua abaixo, cheirando os frangos e os grelhados de carne da Avenida da Igreja, mas com o sentido nos enchidos de Moura, no pão de Ficalho e no vinho da Vidigueira.

Teixeira Correia

(jornalista)


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