O Município de Mértola vai investir 5 milhões de euros na reconversão do Caminho Municipal (CM) 1153, uma ligação rodoviária transfronteiriça entre Pomarão e Mértola, com cerca de 20 quilómetros. O concurso público vai ser lançado no início de 2025 e sem atrasos, a obra começará durante o próximo ano.
O troço tem início na Ponte Internacional do Baixo Guadiana, no antigo porto mineiro de Pomarão, com a principal intervenção do projeto a acontecer no CM1153, num troço com 10 quilómetros de distância, que sofrerá um alargamento, com um dimensionamento de duas faixas de rodagem com 2,75 metros cada uma e respetivas bermas.
Os pequenos povoados de Picoitos, Alves, Tamejoso, Fernandes e Monte Alto atravessados pelo CM1153 serão os grandes beneficiados da nova ligação. Os outros troços, divididos entre as Estradas Nacional 265 e a Municipal 514, serão alvo de requalificação e beneficiação.
Tida como uma obra necessária, a ligação entre o Pomarão e Mértola, é descrita como a possibilidade de “dimensionar o concelho para um panorama diferente, encurtando o tempo de viagem para com Huelva e Sevilha, dois polos importantíssimos que se encontra mesmo ao lado”, justificou ao Lidador Notícias, Mário Tomé, presidente da Câmara Municipal de Mértola.
“Os efeitos desta ligação internacional têm três grandes objetivos: a coesão territorial, a dignificação do traçado e povoados e a melhoria do conforto e segurança rodoviária”, acrescentando o edil que permite também “uma redução da distância na principal ligação”, entre o antigo porto mineiro de Pomarão e Mértola, passado por Moreanes.
O projeto está concluído, tendo os serviços técnicos da autarquia procedido à correção de algumas inconformidades técnicas detetadas e está pronto para que o concurso público seja lançado no início do próximo ano.
Sem uma garantia que a obra possa ser enquadrada no panorama dos fundos comunitários, Mário Tomé começou por justificar que “é nosso entendimento que esta ligação internacional deve ser abrangida por dinheiros da comunidade”, deixando a garantia de que “não iremos parar caso não surjam. É uma obra demasiado necessária para ficarmos dependentes de fundos comunitários”, rematou.
Sem ficar presa a verbas comunitárias, o edil revelou que o Município vai recorrer a um empréstimo bancário, não porque não tenha capacidade financeira para assegurar a efetivação da obra. “Trata-se de gerir um orçamento financeiro que é finito. É uma mera opção financeira o recurso ao banco. O empréstimo está em fase de contratação”, garantiu Mário Tomé.
Voltando à importância da ligação feita pela Ponte Internacional do Baixo Guadiana, o autarca considera que a mesma vai ser fundamental “para garantir o crescimento sustentável e inclusivo do concelho, promovendo uma maior cooperação e partilha de recursos que contribuirão para o fortalecimento entre as comunidades vizinhas dos dois lados da fronteira”, rematou.
O Município de Mértola tem vindo a partilhar o projeto com os Ayuntamientos vizinhos e após a intervenção estar concluída, vai realizar uma campanha de promoção nas localidades espanholas ao longo da raia para atrair novos e mais visitantes.
Maria Silvino (Café Silvino-Monte dos Alves)
A família Silvino esteve durante muitos anos imigrada na Alemanha, tendo regressado à terra depois do 25 de Abril. Compraram um terreno na aldeia, por onde já passava o CM1153. Agora, para o alargamento da rodovia são necessários mais alguns metros e para a família a questão é pacífica.
“Da câmara já falaram connosco, não estamos a pensar em indemnizações. A obra da estrada é muito necessária, depois logo vemos o resto. Já tínhamos falado muitas vezes com o presidente para alargar a estrada. O lugar tem cerca de 50 pessoas, e há muitos que trabalham em Mértola e utilizam esta estrada. Aqui passam também muitas viaturas espanholas, em particular camiões. Para o negócio também é muito vantajoso, porque fazemos comida caseira e vem muita gente à procura. Com a estrada com mais segurança teremos mais visitantes”.
Teixeira Correia
(jornalista)