(Atualizado) Montes Velhos/ Aljustrel: Queixa por violência doméstica na GNR e saída de casa, pode estar na origem do crime.
Queixa por violência doméstica, apreensão de armas e abandono do lar na origem do crime em que o marido matou a mulher e depois suicidou-se.
Uma queixa feita na manhã de sábado por Eduarda Silva, contra o marido, José Luís Silva, na GNR de Aljustrel, por violência doméstica, originou a apreensão de duas caçadeiras ao suspeito, e a saída de casa da mulher, são os motivos que terão estado na origem do homicídio da mulher, seguido do suicídio do homem, na aldeia de Montes Velhos, concelho de Aljustrel.
Apesar de avisada pela GNR para não regressar a casa sem a presença dos militares, na manhã de ontem cerca das 12,20 horas, a mulher foi à habitação na Estrada de Aljustrel, em Montes Velhos, onde se encontrava a filha mais nova do casal, Clara, de 19 anos, e as duas netas, descendentes da filha mais velha, não contando que o marido estaria em casa. Além das duas raparigas, o casal tinha mais um filho.
Presumivelmente atraída para uma possível separação amigável, a mulher entrou no quintal da moradia com o jeep e quando se dirigia para casa, o homem que estava escondido, ao que tudo indicada dentro de uma carrinha do patrão, fez um disparo com uma caçadeira de canos cerrados, atingindo mortalmente Eduarda no peito, de seguida virou a arma contra si e fez outro disparo mortal na zona do ventre.
Eduarda, 48 anos, funcionária da Eurest na área de serviço de Aljustrel na A2, terá sido alvo de agressões de José Luís, 53 anos, encarregado agrícola da Casa Mendonça, na noite de sexta-feira, o que a levou a recorrer à Guarda. De imediato os militares fizeram uma espera junto à habitação do casal e quando o suspeito chegou exigiram a entrega das armas que tinha em casa, o que o homem, segundo a GNR, “obedeceu, sem esboçar qualquer gesto de repulsa”.
Eduarda deixou a habitação e foi para casa de familiares e durante o dia de domingo José Luís terá tentado, via telemóvel, que a mulher voltasse para casa, o que não aconteceu.
Um vizinho, que pediu para não ser identificado, disse ao Lidador Notícias (LN) ter ouvido dois tiros, mas não ligou porque “pensei tratar-se de bombas para espantar a passarada. Bateram à porta e era a Clara, a filha, a chorar e a pedir ajuda. Cheguei ao quintal e vi os dois corpos, com tiros no peito, numa poça de sangue. Liguei para o 112”, contou o homem angustiado. “Não me lembrou de um caso igual aqui na aldeia”, rematou.
Militares da GNR de Aljustrel e Ferreira do Alentejo compareceram e vedaram o local do crime. O óbito do casal foi confirmado pelo médico da VMER de Beja, tendo a delegada de Saúde de Aljustrel, dado ordem para remover os corpos, depois da recolha de provas da Polícia Judiciária da Diretoria de Faro, que depois das perícias recolheu a arma do crime (cano na arma marcado com um circulo na foto de cima).
Cinco horas após o homicídio e suicídio, os corpos foram removidos pelos Bombeiros de Aljustrel e Ferreira do Alentejo, para o Gabinete Médico-Legal do Hospital de Beja, onde os serão autopsiados.
Alferes Diogo Barreiros (comandante do Destacamento de Aljustrel)
“Tratou-se de um homicídio seguido de suicídio, por causas que a PJ vai investigar. Recebemos uma chamada via 112 e quando os nossos militares aqui chegaram encontraram duas pessoas feridas com disparos de armas de fogo. Depois confirmou-se que estavam cadáveres. Houve uma queixa da vítima no sábado sobre violência doméstica, a que se seguiu uma apreensão de armas. A arma com que o suspeito efectuou os disparos não estava em seu nome”.
“Estava a cerca de cinquenta metros da habitação e num curto intervalo ouvi dois tiros, Mas não pensei numa coisa destas. Quando cheguei à porta, estava já um vizinho ao telefone a avisar às autoridades e os dois corpos no chão. Foram tiros no peito, e ambos tiveram morte imediata. Eram duas poças de sangue. Depois chegou a Guarda e fechou tudo”.
Teixeira Correia
(jornalista)