Opinião (Rogério Copeto): O furto de metais não preciosos.


O furto de metais não preciosos tem como alvo qualquer infra-estrutura ou equipamento que contenha metal, sendo o cobre, aquele que maiores lucros gere e por isso ser chamado de “Ouro vermelho”, apesar de não ser um metal precioso.

Roger Copeto_800x800Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR, Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando da Doutrina e Formação

Qualquer objeto ou infra-estrutura que contenha cobre na sua composição constitui um alvo potencial para os criminosos, afetando fortemente uma série de setores económicos estruturantes e essenciais para o País.

O cobre alvo de furto gera um lucro fácil, porque existe procura deste metal. Enquanto os metais considerados preciosos, tais como o ouro e a prata, apresentam um valor intrínseco para quem os furta, bem como para qualquer outro cidadão que os valorize enquanto objeto, o cobre é furtado para ser vendidos em grosso às sucatas, obtendo-se valor quando reintroduzidos no circuito comercial, através da reciclagem.

O furto de cobre tem verificado uma tendência de crescimento no país, afectando desde as propriedades agrícolas, passando pelas operadoras de telecomunicações e de distribuição de electricidade.

O maior prejuízo no furto de cobre provém dos danos causados, sejam diretos ou indirectos, podendo atingir 50 vezes mais do que o valor do cobre furtado.

Nas operadoras de comunicação e de distribuição de electricidade, os prejuízos atingem maioritariamente os consumidores, que se vêm impedidos de comunicar e no caso das empresas, de desenvolver a sua actividade. Na agricultura, os furtos nas instalações, podem significar a diferença entre um ano produtivo e um ano com elevados prejuízos.

Há várias razões que explicam a procura do cobre. Por um lado, o mercado global do cobre movimenta, por ano, cerca de 100 mil milhões de euros, sendo que só 30% das necessidades mundiais provêm da actividade mineira.

A restante fatia é obtida a partir da reciclagem e o cobre é reciclável quase a 100%. Nos mercados emergentes, como a China ou a Índia, há uma grande procura de cobre, o que tem feito aumentar o preço da matéria-prima nos mercados internacionais.

Assim, o valor do cobre aumenta, devido à elevada procura no mercado e sempre que o valor do cobre aumenta, crescem os furtos.

A prevenção deste tipo de ocorrência criminal, não é fácil devido à grande dispersão de equipamentos e infra-estruturas por todo o território nacional, agravado pelo facto de se localizarem maioritariamente em zonas isoladas e as medidas de protecção e segurança ativas e passivas são onerosas e de difícil implementação.

Também o fácil escoamento dificulta a repressão deste tipo de crime, devido à existência de locais de receptação e a fácil reintrodução no mercado lícito, especialmente através da exportação.

No furto de cobre o problema colocado à segurança, não pode ter só uma resposta policial, requer uma atuação coordenada de todas as Forças de Segurança e das autoridades judiciais, bem como da sociedade civil e dos agentes económicos.


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