Opinião (Rogério Copeto/ Oficial da GNR): CONSCIENCIALIZAR PARA O CYBERBULLYING.


Assinala-se hoje dia 21 de abril o “National Day of Cyberbullying Awareness”, que por enquanto ainda só se comemora nos EUA, mas motivo suficiente para que o artigo desta semana seja, mais uma vez, sobre cyberbullying.

Roger Copeto_800x800Não raras vezes o tema do cyberbullying é notícia nos órgãos de comunicação social e sempre pelas piores razões, tendo por isso já aqui feito referência a este assunto, quando o fenómeno é trazido para a ordem do dia, por motivo da divulgação de vídeos de agressões ou a humilhar e a ridicularizar pessoas.

Em 2011 foi a divulgação de um vídeo de duas adolescentes a espancar uma terceira, que encheu as televisões e os jornais, com notícias sobre o fenómeno do cyberbullying e no ano passado foi a divulgação de um outro vídeo, que se tornou viral nas redes socias, onde se podia assistir a duas adolescentes a agredirem um terceiro adolescente, enquanto eram incentivadas por outros, tendo em ambas as situações os agredidos, sido vítimas duas vezes, a primeira de bullying e a segunda de ciberbullying, quando as imagens foram divulgadas.

Também na mesma altura, foi divulgado um vídeo de um casting de um concorrente ao programa “Ídolos” da SIC, que com recurso ao tratamento de imagem, foram-lhe acrescentadas intencionalmente duas enormes orelhas, que se tornou imediatamente viral, logo que foi divulgada, gerando uma enorme revolta em todos os cibernautas, por ridicularizar de forma gratuita aquele concorrente, tendo a SIC através de comunicado, pedindo desculpas pelo sucedido, que o candidato a estrela não aceitou, declarando ter sido vitima de cyberbullying.

Todas estas situações se enquadram no fenómeno do ciberbullying, porque a divulgação nas redes sociais de imagens ou de vídeos, tem a intenção de humilhar e ridicularizar as vítimas, sendo que a indignação que ocorre posteriormente, só serve para aumentar a humilhação, devido ao número de vezes que se partilha o vídeo, só para afirmarmos a nossa indignação.

Todos sabemos que a internet tem coisas boas e coisas más, e algumas muito más, e para ser usada convenientemente, necessitamos todos de ter os conhecimentos necessários, para em primeiro lugar sabermos identificar os conteúdos maliciosos e em segundo poder orientar as nossas crianças e adolescentes, para um uso correto da internet.

As nossas crianças e adolescentes têm à sua disposição um conjunto de aparelhos que lhes permite recolher imagens e aceder em qualquer lugar à internet, seja através dos computadores em casa ou dos smartphones e tablets na rua, para com recurso às redes sociais, como o facebook, youtube, twitter, skype ou outra qualquer, poder de imediato disseminar essas mesmas imagens, fazendo com que os riscos aumentem e os excessos acontecerem.

Cerca de 10% a 20% das crianças ou adolescentes portuguesas já foram vítimas de cyberbullying, mas muitas mais haverá que sofrem em silêncio e nada denunciam, devendo por isso os pais e os encarregados de educação estarem atentos, para que ao primeiro sinal possam ajudar a criança ou o adolescente a enfrentar esse problema, que tem como consequência traumas psíquicos, que tarde ou nunca serão ultrapassados e que só a prevenção pode evitar.

Assim, às crianças e aos adolescentes apela-se que peçam ajuda a um adulto (pais, autoridades ou aos professores) sempre que forem alvo de cyberbullying e aos pais e encarregados de educação apela-se para que alertem os seus filhos para a necessidade de usar as redes sociais correctamente e que não as usem para humilhar ou ridicularizar outras crianças ou adolescentes.

A sensibilização para estes assuntos tem sido uma prioridade para a GNR, sendo a “Operação Internet Segura” um exemplo dessa preocupação, que tem como objectivo a sensibilização de toda a comunidade escolar, para a necessidade de prevenir os comportamentos de risco inerentes à utilização da internet, contando com a parceria da Microsoft Portugal, que juntamente com a GNR realizam acções onde também o tema do cyberbullying é abordado.

A importância deste tipo de acções é cada vez maior, tendo em conta, conforme já referido, que as nossas crianças e adolescentes, cedo começam a navegar na internet e a exporem-se demasiado aos perigos da mesma, sem noção das eventuais consequências do seu incorrecto uso e os adultos não têm ainda as ferramentas necessárias, para uma correta supervisão das crianças e adolescentes.

Por essa razão, é importante alertar os adultos para a necessidade de promoverem uma correta educação para a segurança na internet, devendo estabelecer regras, acompanhar as crianças e os adolescentes, estar atento aos sinais e comunicar às autoridades sempre que os factos possam tipificar algum tipo de crime.


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