Opinião (Rogério Copeto/ Oficial da GNR): OPERAÇÃO EXAMES NACIONAIS.
O presente artigo sobre a Operação Exames Nacionais que a GNR realiza todos os anos, com o objetivo de garantir segurança em todo o processo que envolve a realização das provas de aferição e dos exames nacionais aos alunos do 2º, 5º, 8º, 9º, 11º e 12º ano, é escrito tendo na lembrança os Guardas Principal Maria João Moura e António Godinho, que faleceram faz amanhã três anos, em cumprimento da Operação Exames Nacionais de 2014.
Tenente-Coronel da GNR
Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna
Chefe da Divisão de Ensino/ Comando de Doutrina e Formação
Apesar de já terem sido realizadas algumas Provas de Aferição do 2º, 5º e 8º ano, só nesta 2ª-feira, dia 19 de junho, se iniciaram as Provas Finais do 9º ano e os Exames Finais Nacionais do 11º e 12º, tendo por isso a GNR iniciado no dia 24 de maio a Operação Exames Nacionais de 2017, que desde 2010 tem um nome de código de uma ave, sendo a deste ano denominada de “Operação Chapim”, terminando a mesma no dia 4 de agosto, com afixação dos resultados das provas referentes à 2ª chamada.
A missão da GNR no âmbito da “Operação Chapim” começou com o levantamento das provas na Editorial do Ministério da Educação no dia 24 de maio, que ficaram guardadas até serem distribuídas pelas escolas à sua responsabilidade, nos dias da realização das mesmas, segundo o calendário estabelecido pelo Ministério da Educação.
Esta missão é garantida maioritariamente pelos militares das Secções de Programas Especiais, afetos ao Programa Escola Segura, garantindo que as provas decorram com normalidade e tranquilidade, estando por isso incumbidos do transporte e guarda dos enunciados até aos dias dos exames.
Conforme referido, os testes ficam à guarda da GNR até serem entregues aos professores credenciados, uma hora antes da realização das provas, para que todos os alunos os concretizem em pé de igualdade e sem haver fugas de informação, sendo esse facto uma garantia que só as Forças de Segurança, GNR e PSP, podem assegurar, e por isso Portugal é considerado como exemplo nesta matéria, porque a maioria dos países europeus, que também realizam exames nacionais, utilizam os serviços postais, para a distribuição das provas.
Assim, para cumprimento desta enorme Operação, de grande responsabilidade, são empenhados todos os anos, várias centenas de militares e viaturas da GNR, que garantem segurança em todas as fases do processo, sem nunca, até ao momento, ter existido qualquer falha que obrigasse à repetição das provas, comos seria numa eventual fuga de informação, sobre o conteúdo dos testes, antes da sua realização.
Depois de concluída a prova por todos os alunos, os militares da GNR recebem das mãos dos professores as provas lacradas, que são novamente guardadas pela GNR até serem entregues ao júri de correcção, terminado assim o empenhamento da GNR, com a afixação dos resultados.
Pelo atrás referido, conclui-se que ano após ano, os exames nacionais têm decorrido com a normalidade e tranquilidade que a isso exige, sendo só possível devido ao grande profissionalismo e espírito de sacrifício de todos os militares das Secções de Programas Especiais, merecendo da nossa parte o maior reconhecimento por esse trabalho de bastidor, que muito contribui para o sucesso da missão, num evento da maior importância, não só para os alunos que realizam as provas, mas também para toda a comunidade escolar.
Foi com esse espirito de sacrifício, abnegação e coragem que os Guardas Principal Maria João Moura e António Godinho se encontravam a cumprir a “Operação Açor”, faz amanhã dia 23 de junho, precisamente três anos, quando um acidente rodoviário, numa estrada do distrito de Évora lhes tirou a vida.
A Guarda Principal Maria João Moura e o Guarda Principal António Godinho pertencentes à Secção de Programas Especiais do Destacamento Territorial de Reguengos de Monsaraz, faleceram vítimas de um acidente de viação, quando se deslocavam de Évora para Reguengos de Monsaraz pela na EN nº 256, pelas 16h18 do dia 23 de junho de 2014, depois de terem entregue, na sede de Agrupamento de Exames em Évora, os exames nacionais de matemática do 9º ano, realizados nessa manhã, nas escolas que tinham à sua responsabilidade no âmbito da “Operação Açor”.
A estrada que ficou marcada para sempre na nossa memória, por ter tirado a vida aos nossos camaradas, também foi responsável por outros acidentes, sendo o troço da EN 256 onde ocorreu o acidente, considerado como uma armadilha mortal há vários anos, por quem tem de a usar todos dias, nas suas deslocação entre Évora e Reguengos de Monsaraz.
Esse troço da EN 256 será brevemente substituído, tendo as obras sido iniciadas no ano passado, conforme anúncio na página das “Infraestruturas de Portugal” com o título “Infraestruturas de Portugal inicia obra de construção da variante do Albardão”, onde verificamos que foi assinado no dia 5 de agosto de 2016, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, o Auto de Consignação da empreitada de Construção da Variante do Albardão, numa cerimónia presidida pelo Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, onde referiu “que a obra visa a correção do traçado com várias curvas nesta zona da estrada onde já se registaram muitos acidentes” e onde José Calixto, Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz teve também oportunidade de expressar a satisfação da autarquia, pelo dia histórico para o concelho de Reguengos de Monsaraz e para o distrito de Évora, porque “finalmente vai iniciar-se uma obra que reclamamos há mais de uma década e que vai resolver o mais grave e persistente problema de segurança rodoviária do Alentejo”.
A obra que terá um custo de 2,6 milhões de euros e um prazo de execução de 300 dias inclui a construção de um novo troço rodoviário com cerca de 2,8 km e a execução de uma nova Ponte sobre o rio Degebe, que irá substituir o troço mortal, que durante décadas ceifou várias vidas, numa estrada que regista um tráfego médio diário de 3.900 veículos.
Tendo em conta a proximidade da Maria João Moura e do António Godinho com toda a população de Reguengos de Monsaraz, especialmente os mais novos e os mais velhos, por motivo do seu trabalho no âmbito dos programas de policiamento de proximidade “Escola Segura” e “Idosos em Segurança”, a autarquia prestou-lhes homenagem, no dia 29 de abril deste ano, com a atribuição dos seus nomes a uma rua junto a uma escola da cidade de Reguengos de Monsaraz, conforme na altura foi anunciado pela Rádio Campanário na peça “Reguengos de Monsaraz homenageia militares falecidos com nome de rua”, assim como o Correio da Manhã no artigo “GNR dão nome a rua de escola”, de onde retiramos as palavras proferidas pelo Presidente da Autarquia, José Calixto, sobre os nossos camaradas e que subscrevemos, “Foram grandes profissionais que ao longo de uma década marcaram a vida de muitas pessoas, em especial das crianças, jovens e idosos”.
Essas crianças, jovens e idosos viam na Maria João e no António Godinho os seus “Anjos da Guarda”, que acreditamos ainda hoje, de onde estão, continuam a guardar e a proteger.