Serpa: Bombeiros ameaçam deixar de colaborar com INEM e Proteção Civil.
A Liga dos Bombeiros Portugueses anunciou que poderá deixar de responder aos pedidos da Proteção Civil e do INEM, caso o Governo não responda “em tempo útil” à s suas reivindicações.
De acordo com o Jornal de NotÃcias (JN), A decisão foi tomada este sábado numa reunião do Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, que decorreu em Serpa, no distrito de Beja, no Alentejo, e na qual foi aprovado um documento com 15 propostas de revindicações a apresentar ao Governo, disse à agência Lusa o presidente da instituição, Jaime Marta Soares.
“Assumindo sempre os valores dos nossos sagrados princÃpios, que são a defesa das vidas e dos haveres de todos os portugueses, e para bem desse compromisso, não nos podemos privar de exigir ao poder polÃtico respostas concretas, objetivas e conclusivas à s propostas, de cuja decisão imediata do Governo não abdicamos”, refere o documento, segundo disse Jaime Marta Soares.
Segundo o responsável, a ausência de respostas “em tempo útil” levará, “de imediato, os bombeiros portugueses a não responderem à s solicitações” da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para integrarem os “vários dispositivos operacionais” articulados por estas duas instituições.
“Não estamos a dar um prazo, mas estamos a dizer que se [as respostas] não forem [dadas] em tempo útil, deixaremos de responder à s solicitações dos dispositivos que são geridos pelo INEM e pela ANPC”, explicou.
Jaime Marta Soares garantiu que os bombeiros “nunca vão deixar de responder à s necessidades e à s solicitações das populações”, mas irão fazê-lo com recursos e meios próprios e “sem quebrar minimamente as respostas ao socorro, à s solicitações das populações”.
“Só não o faremos integrados nos dispositivos da responsabilidade da ANPC. Também responderemos à s chamadas de socorro por parte do INEM, mas não com viaturas do INEM, com viaturas dos bombeiros”, explicou, garantindo que tal “não beliscará a qualidade da prestação de socorro por parte dos bombeiros”, só que o farão dentro da sua estrutura.
O presidente da LBP disse que os bombeiros não deixarão de apagar fogos ou de “responder imediatamente” à s solicitações das populações, mas “não vão responder à s solicitações da ANPC”.
“Continuaremos a fazer os mesmos transportes do INEM, mas com viaturas nossas, e responderemos aos problemas de socorro em todas as áreas com as nossas viaturas, mas não debaixo de qualquer integração ou qualquer chamamento da ANPC”, sublinhou.
O presidente da LBP frisou que os bombeiros são “o principal parceiro” da ANPC no combate a incêndios florestais, com 95,5% a 96% de recursos humanos, equipamentos e viaturas nos teatros de operações, e “o principal agente” no socorro em Portugal, com 98,7% de recursos humanos, equipamentos e viaturas nas operações, e, por isso, “merecem ser respeitados”.
Entre as 15 propostas de revindicações, Jaime Marta Soares destacou o “pagamento atempado” à s associações de bombeiros das despesas do Dispositivo de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) deste ano e da dÃvida de cerca de 25 milhões de euros dos hospitais, centros e unidades locais do Serviço Nacional de Saúde, porque há algumas associações de bombeiros em situação de “falência técnica”.
A necessidade de o Governo reequacionar o DECIF de 2017 e de melhorar as verbas a pagar aos bombeiros no âmbito daquele e de outros dispositivos especiais e o “total esclarecimento” do executivo sobre a reposição das viaturas de bombeiros perdidas em combates a incêndios em 2015 e 2016 são outras das revindicações.
Na reunião de hoje, o Conselho Nacional marcou para dia 27 de janeiro de 2017, na Figueira da Foz, o congresso extraordinário da LBP, no qual serão apreciadas e votadas as revisões dos estatutos e dos regulamentos do fundo de proteção social do bombeiro e das condecorações e distinções da liga.