Autarquia promove hoje conferência de imprensa sobre migrantes desalojados.
Preocupado com o crescente número de migrantes desalojados em Serpa, o Presidente da Câmara, João Efigénio Palma, convocou para as 15,30 horas desta segunda-feira uma conferência de imprensa, onde vai falar sobre o crescente número de migrantes desalojados em Serpa.
O encontro está agendado para a Sala de Sessões da autarquia de Serpa e o edil vai explicar as várias situações em que a edilidade tem intervindo para realojar temporariamente vários grupos de migrantes.
Na sua página na internet, o Município de Serpa revelou na sexta-feira que “é uma situação que está a preocupar o Executivo, uma vez que quase diariamente, surgem novos casos de pessoas a viver na rua”, justificando que ainda que “há aqueles migrantes que ainda persistem no local onde foram temporariamente alojados”.
Recorde-se que no passado dia 24 de agosto, e na sequência de uma ação inspetiva às condições que viviam migrantes timorenses, na freguesia de Pias, a autarquia realojou, temporariamente, um grupo a pedido da Segurança Social “até as entidades responsáveis encontrassem uma solução”, justificando a edilidade que “desde então, vários grupos de pessoas têm vindo a ser identificadas pelas autoridades no sentido de serem realojados”.
A Câmara Municipal de Serpa revelou também que no passado dia 21 de setembro, endereçou um ofício ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Administração Interna, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, referindo “ a gravidade da situação se emergência social que se verifica no concelho”. A autarquia defende que é necessária “uma rápida intervenção política, concertada com as autoridades timorenses e a definição de normas que imponham a obrigação clara de alojamento aos empregadores de trabalhadores migrantes”, resumem.
Recorde-se que no espaço de um mês, 92 cidadãos timorenses foram retirados ou expulsos das casas onde veriam, sendo que para além dos 24 no concelho de Serpa, mais 68 foram obrigados a abandonar as habitações na localidade de Cabeça Gorda, no concelho de Beja.
Outro caso no concelho de Serpa com indianos
Cerca de seis dezenas de cidadãos indianos ilegais em território nacional, foram explorados com trabalho escravo nos campos agrícolas do concelho de Serpa, colocados a viver em condições indignas e de sofrimento pessoal e sujeitos a ameaças, agressões físicas e psicológicas.
Porque os crimes em causa configuravam o tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e associação criminosa, inspetores do Serviço de estrangeiros e Fronteiras (SEF) detiveram Gurjit Singh, de 34 anos, e Amandeep Singh, de 28 anos, que se encontram em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Beja. O processo vai ser julgado brevemente no Tribunal de Beja.
“José do Casarão”, o eterno arrendatário
José Horta é o individuo que aluga casas para colocação de trabalhadores imigrantes, em Serpa, Beja e outras localidades. Neste processo surge como testemunha de acusação. No processo “Corda Bamba”, foi um dos 26 detidos da operação da PJ. Treze desses arguidos, julgados em abril de 2018, por tráfico de seres humanos e associação criminosa, foram condenados a penas efetivas de cadeia entre os seis e os 16 anos. “José do Casarão” foi um dos absolvidos.
Teixeira Correia
(jornalista)