A PJ também apreendeu 9,5 quilos de canábis a grupo, liderado por indivíduo do concelho de Aljustrel, que abastecia a Grande Lisboa e que vai ser julgado em Beja.
Mais de um milhão e duzentos mil euros em notas e 908 embalagens de canábis, com o peso global de 91,5 quilogramas, foram encontrados na manhã de 20 de maio de 2021, pelos inspetores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) da Polícia Judiciária (PJ) quando entraram num armazém localizado na Aldeia do Ronquenho, em Ferreira do Alentejo.
Parte do dinheiro, 300 mil euros, estava guardado no interior de um veículo onde também estava o produto estupefaciente, e o resto das notas, mais de 900 mil euros estava escondido na parede do edifício, dissimulado com placas de madeira, situação que não iludiu os inspetores da PJ.
A operação teve como objetivo desmantelar um poderoso grupo de tráfico de estupefacientes, que operava às ordens de Joaquim F., conhecido por “Pópó”, morador em São João de Negrilhos, concelho de Aljustrel, responsável pela aquisição de grandes quantidades de canábis destinada a abastecer a região da Grande Lisboa. Foram ainda detidos de André G., morador na Aldeia do Rouquenho, próximo do armazém, ambos em prisão preventiva, e mais 10 arguidos, todos os idades compreendidas entre os 27 e os 44 anos, sendo quatro do Alentejo e os restantes da Quinta do Conde, de Setúbal, Almada e Lisboa.
A PJ seguia o grupo desde o início de 2020 e em abril desse ano teve oportunidade de deter o cabecilha da rede quando se preparava para fazer uma transação de 97 quilos de canábis, em Carnide, mas a chegada de agentes da PSP que seguiam os compradores, levou a que os “vendedores” conseguissem fugir, mas não levar consigo a droga.
Em 4 de março do ano passado, três dos arguidos deslocaram-se da Amadora a Faro para adquirirem canábis, transportando consigo 40.900 euros, mas, por motivos não apurados, o trio regressou do Algarve “de mãos vazias”, tendo sido intersetados pela PJ na A2, tendo sido apreendido o dinheiro. Um dos arguidos tentou fugir de carro, tendo por duas vezes abalroada uma das viaturas da polícia, causando danos superiores a 3.100 euros.
Um mês antes do desmantelamento do grupo, em plena pandemia, “Pópó” e mais três indivíduos deslocaram-se a São Marcos, concelho de Serpa, zona de fronteira que estava encerrada, e a pé foram a um veículo do lado de Espanha e carregaram quatro mochilas e três casos de compras com canábis que levaram para o armazém da Aldeia do Ronquenho, droga que viriam depois a ser apanhada pela PJ.
Joaquim, André e um terceiro arguido pediram a abertura da instrução, argumentando a inexistência dos indícios da atividade apontada na acusação, mas os juízes do “Ticão”, recusaram e mandou julga-los. As acusações envolvem os crimes de tráfico de estupefacientes agravado, branqueamento, favorecimento pessoal, dano agravado e detenção de arma proibida, sendo o arguidos julgados na próxima semana no Tribunal de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)