A Diocese de Beja emitiu ao final da tarde desta quarta-feira, um comunicado onde assume ter recebido, no passado dia 3 de março, da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, uma lista onde esta sinalizava a existência de cinco casos, quatro sacerdotes e um leigo, no seio da Diocese de Beja. Segundo D.João Marcos “os agora denunciados já morreram”.
De acordo com o documento assinado por D.João Marcos, os casos que envolvem sacerdotes terão ocorrido entre 1963 e 1980, enquanto que o caso do leigo não está referenciado em termos de período temporal. Dois dos casos ocorreram em Beja em 1963 e 1967/68, um em Serpa em 1978 e o último envolvendo sacerdotes diz respeito a caso ocorrido em Mértola em 1980, mas que não era o pároco da vila,
O caso que envolve o leigo, que exercia as funções de sacristão, ocorreu em Moura, em data que não foi determinada, “numa situação bastante vaga”, referiu.
O Bispo de Beja assegura que “nenhuma destas situações consta dos Arquivos da Diocese ou foi de alguma forma denunciada junto da mesma”, acrescentando que “do relatório que nos foi enviado não nos foi possível apurar os contornos das denunciadas e que os denunciados já morreram”, remata.
No comunicado é ainda referido que dos arquivos da Diocese “constam quatro casos, denunciados entre os anos 2001 e 2020. Todos mereceram o devido encaminhamento, tanto civil como canónico”, justificando o Bispo de Beja que “os referidos processos tiveram distintos desfechos resultando em arquivamento, absolvição e um aguarda ainda sentença judicial”, concluiu.
A finalizar D.João Marcos esmiúça cada um dos casos: “o primeiro é de 2001 e envolveu um sacerdote e uma jovem de 17 anos e a sentença foi de demissão do estado clerical. O segundo foi a acusação de um sacerdote que perseguiu um menor e o tribunal judicial absolveu a pessoa em causa. O terceiro caso foi participado pela Diocese à PJ e depois de investigado foi arquivado. O último é de 2020 e relacionado com um leigo em formação para o sacerdócio, que denunciado por assédio sexual, foi expulso do Seminário e depois de julgado no Tribunal da Comarca de Beja, e aguarda-se a sentença”, resumiu o Bispo de Beja.
Recorde-se que, já depois de ter a lista da Comissão Independente, D.João Marcos deu uma entrevista a um canal de televisão onde defendeu que “todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas. Esta maneira de abordar não é muito católica. Na Igreja Católica existe o perdão”.
Depois de muito criticado, no passado sábado o Bispo de Beja retratou-se da entrevista e referiu que “Deus perdoa a todo aquele que se arrepende e repara os danos causados pelo mal que praticou, justificando que “por meu desacerto no modo e na oportunidade do que disse, de nenhum modo é esse o meu pensamento”, disse.
Teixeira Correia
(jornalista)