V.N.Milfontes: Militares da GNR acusados de agressões a imigrantes começam a ser julgados.


Os sete militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) que pertenciam ao Destacamento de Vila Nova de Milfontes do Comando Territorial de Beja (CTBeja) começam hoje a ser julgados no Tribunal de Beja.

Estão acusados de maus-tratos e sequestro a imigrantes. Estavam suspensos de funções e regressam ao ativo, depois de em 7 de janeiro do corrente ano os sete militares tinham sido suspensos depois de terem sido tornadas públicas imagens de agressões a trabalhadores indostânicos.

Como as medidas eram provisórias, suspensões de 90 dias que foram prolongadas pelo mesmo período e o desarmamento foi outra das medidas aplicadas. Como o prazo de suspensão caducou, os militares voltaram ao ativo na GNR. 

O regresso dos militares foi confirmado ao Lidador Notícias (LN) por fonte do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas do CTBeja, que acrescentou que “nenhum dos sete elementos está colocado na área deste comando, sendo desconhecido os locais onde exercem serviço”, concluiu o nosso interlocutor.

A investigação do processo foi levada a cabo pela Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal foi revelado pelo LN em 22 de setembro de 2020, quando ainda só existiam quatro arguidos e começado na sequência das detenções de cinco militares ocorridas em 2019, quatro do Posto de Vila Nova de Milfontes e um de Odemira.

Os inspetores apreenderam os telemóveis dos arguidos, tendo detetado fotografias e vídeos onde os cidadãos asiáticos eram obrigados a fazerem flexões, polichinelos e a rastejar tanto no exterior como no interior do posto. Depois de vislumbrar as imagens, o caso foi remetido para o Ministério Público de Odemira que extraiu uma certidão e ordenou a investigação num processo autónomo.

Três dos militares estão envolvidos no primeiro processo julgado por um Coletivo de Juízes do Tribunal de Beja e em cujo acórdão de 3 de julho de 2020, as penas de prisão, suspensas na sua execução. João Miguel Lopes foi a cinco anos de prisão, enquanto que Rúben Candeias e Nelson Lima foram condenados a quatro anos e a três anos e seis meses de prisão, cada um.

Crimes de que são acusados

Rúben Candeias, de 26 anos natural de Beja, está acusado de 11 crimes, sendo seis de ofensa à integridade física qualificada, quatro de abuso de poder e um de sequestro.

Nelson Lima, de 30 anos natural de Lajes-Praia da Vitória, Diogo Ribeiro, de 29 anos natural de Arnóia-Celorico de Basto, e Nuno Andrade, de 33 anos natural de Caçarilhe-Celorico de Basto, estão acusados de cinco crimes cada um, nomeadamente um de abuso de poder e quatro de ofensa à integridade física qualificada.

João Miguel Lopes, de 31 anos natural da Guarda, está acusado de três crimes, um de abuso de poder, um de ofensa à integridade física qualificada e um de sequestro.

Carlos Figueiredo, de 32 anos natural da Guarda, e Paulo Cunha, de 27 anos natural do Porto, estão acusados de dois crimes cada um, nomeadamente um de abuso de poder e um de ofensa à integridade física qualificada.

Teixeira Correia

(jornalista)


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