Os dois indivíduos que foram detidos na localidade fronteiriça de Pomarão, concelho de Mértola, depois de passarem a pé a fronteira com Espanha, na posse de dois quilos de haxixe, começam esta terça-feira, a ser julgados no Tribunal de Beja.
Estão acusados da prática em co-autoria material de um crime de tráfico de estupefacientes. Além do haxixe que dava para quase 5.700 doses individuais, foram ainda apreendidos outros bens, nomeadamente, uma viatura automóvel, 400 euros em numerário e três telemóveis.
Os arguidos, de 31 e 39 anos, residentes em olhão, fizeram cerca de 150 quilómetros para iludir as autoridades, mas foram detidos em flagrante por militares da GNR, quando regressavam à viatura deixada em território nacional.
Numa ação de vigilância e controlo no antigo porto mineiro do Pomarão, os militares aperceberam-se de uma viatura estacionada que levantou suspeitas. Feitas as investigações os operacionais da investigação criminal da GNR apuraram que os indivíduos tinham atravessado a fronteira a fronteira a pé para território espanhol. Através da matrícula da viatura, as autoridades perceberam que o seu proprietário já tinha antecedentes criminais por furto e ofensas à integridade física, tendo posteriormente comprovado que o seu “companheiro de viagem” também tinha cadastro pelo mesmo tipo de crimes.
Na tarde de 3 de abril do ano passado, pouco mais de duas semanas após o fecho das fronteiras terrestres entre os dois países, os suspeitos atravessaram a pé a fronteira pela Ponte Internacional do Baixo Guadiana que liga o Pomarão a El Granado, que estava bloqueada, por ser um dos nove locais fronteiriços de passagem para Espanha, não autorizados.
Aquando da detenção, a primeira feita em Portugal por tráfico de estupefacientes após o fecho das fronteiras, os arguidos foram apresentados a primeiro interrogatório judicial a um juiz de turno no Tribunal de Serpa, tendo ficado em liberdade sujeitos a termo de identidade e residência.
De acordo com o despacho de acusação a que o Lidador Notícias (LN) teve acesso, os dois indivíduos ficaram em liberdade, porque “o requerido pelo Ministério Público foi indeferido a título excecional”, face à lotação das cadeias e à possível propagação do covid-19.
A fronteira do Pomarão, servida pela Ponte Internacional do Baixo Guadiana, é uma das “rotas do tráfico”, daqueles que vão a Huelva e a Sevilha comprar estupefacientes para depois venderem em Portugal.
Teixeira Correia
(jornalista)