Bombeiros: Mussá Embaló, um guineense no Corpo de Comando.
O jovem, que também tem a nacionalidade portuguesa, celebra no domingo 32 anos e sente-se em Mértola e nos Bombeiros como “um peixe no rio Guadiana”.
Dez anos depois de chegar a Mértola e à Escola Profissional “Al-Sud”, Mussá Embaló foi promovido a Adjunto-Comando dos bombeiros locais, tornando-se no primeiro cidadão estrangeiro a chegar à cadeia de comando de uma corporação do distrito de Beja (na foto em baixo à esquerda o 2º comandante Nelson Viegas e à direita o Comandante Jorge Santos).
“A capacidade de trabalho, humildade e disponibilidade levou a que o comando fizesse a proposta da sua promoção que a direção aceitou. Quatro anos depois a estrutura fica completa”, justificou ao Lidador Notícias (LN), Jorge Santos, comandante dos Bombeiros Voluntários de Mértola (BVM).
Nascido em Bissau, na Guiné-Bissau, em 13 de fevereiro de 1990, Mussá chegou à Damaia (Amadora), com mais dois irmãos para se juntar ao pai. Mas a vida foi madrasta e com a morte do progenitor levou uma grande reviravolta. Antes de chegar a Mértola ainda passou por Pedrogão Grande, Leiria e Vila Nova de Gaia, onde ganhou a vida trabalhando como ajudante na construção civil e na arqueologia.
Enquanto estudava na “Al-Sud”, onde tirou uma formação como técnico da Proteção de Civil, Mussá, que em português significa Moisés, inscreveu-se nos BVM e em 2013 concluiu com êxito o curso. Promovido a bombeiro de 3ª classe, o jovem passa a integrar o quadro da corporação como assalariado. Dois anos depois consegue a nacionalidade portuguesa e nasce o sonho de uma carreira nos bombeiros. Promovido a bombeiro de 2ª classe, no passado mês de abril, o luso/guineense dá um salto monumental, pouco visto no meio dos “soldados da paz”, chegando a nº 3 na cadeia de comando na corporação da “Vila Museu”, segundo agora o responsável pelos socorristas de saúde e a gestão da frota de viaturas
Sobre Mértola, Mussá Embaló fala com paixão e carinho da vila alentejana: “o multiculturalismo que ela oferece a quem chega. Não há diferenças religiosas ou étnicas”, diz de olhos a brilhar de felicidade.
Ao LN, o jovem luso-guineense confessou que antes de aceitar o convite “falei com a minha mãe e os meus irmãos e só depois dei o sim ao comandante”, atirando de rompante: “se me pergunta se estou preparado, hoje não sei responder, mas vou esforçar-me para ajudar esta casa, onde me fiz Homem e concretizei os meus sonhos”, rematou.
Após receber os galões como adjunto-comando Mussá afirmou-se “orgulhoso” justificando que “tudo tenho feito para ser uma boa pessoa e um Homem íntegro”. Quanto ao facto de ser o primeiro cidadão estrangeiro a chegar ao grupo de comando de uma corporação, afirmou que “nunca tinha pensado nisso”, concluindo que “entrei neste quartel como um gaiato e hoje sinto que tudo valeu a pena, ainda mais ajudar a comunidade”, sintetizou. “Responsabilidade, confiança e união, serão a afirmação neste novo processo de vida, em que o meu sucesso, será o resultado do sucesso da corporação”, disse aos seus novos comandados.
Mas Mussá Embaló tem um grande sonho: “ajudar o meu país na criação do sistema de proteção civil que está agora em fase de desenvolvimento”, revelando ao LN que quando for de férias no próximo mês de março “vou passar pelo Ministério do interior e pelas poucas corporações de bombeiros e oferecer a minha ajuda e da corporação de Mértola, para formarmos bons operacionais”, rematou.
Adepto do F.C.Porto. Visitou o Dragão a convite do JN
Por iniciativa do Jornal de Notícias (JN), em 18 de janeiro de 2018, Mussá Embaló e mais quatro elementos dos Bombeiros Voluntários de Mértola, visitam o Estádio do Dragão e assistiu ao jogo entre o Porto e o Tondela.
O JN estabeleceu os contatos com a equipa portista, tratou no almoço e acompanhou os visitantes no Dragão, com reportagem vídeo no online. A direção do Porto ofereceu os ingressos no estádio e a direção e o comando dos bombeiros disponibilizou o transporte para a viagem de ida e volta entre Mértola e o Porto. Adepto dos azuis e brancos, depois do jogo com o Tondela, Mussá mostrou-se muito feliz: “cumpri o sonho de visitar o Estádio do Dragão”, disse.
Teixeira Correia
(jornalista)