AS NOTÍCIAS E OS VIDEOS FALSOS


É cada vez mais difícil saber o que é real e o que não é, no mundo das notícias, sejam digitais ou não, onde as fake news e os deepfakes representam uma ameaça significativa à sociedade moderna, minando a confiança nas informações e potencialmente distorcendo a realidade, tendo ainda o potencial de moldar opiniões.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

As fake news são notícias falsas disseminadas com o objetivo de enganar ou manipular o público, podendo ser disseminadas através de diferentes meios de comunicação, maioritariamente digitais, como as redes sociais, páginas de notícias falsas e até mesmo meios de comunicação tradicionais.

Enquanto os deepfakes são vídeos ou áudios manipulados digitalmente para parecerem autênticos, que podem recorrer ao uso da inteligência artificial e técnicas de deep learning, quase sempre com a intenção de difamar indivíduos ou propagar desinformação, tendo os primeiros exemplos ocorrido no Estados Unidos da América (EUA), cujos os principais alvos foram figuras políticas.

Um dos exemplos mais marcantes de fake news é o caso denominado de “Pizzagate” em 2016, nos EUA, onde noticias falsas sugeriam que Hillary Clinton e outros políticos democratas estavam envolvidos numa rede de tráfico sexual numa pizzaria de Washington, D.C, tendo essa teoria sido amplamente divulgada nas redes sociais, apesar de não ter nenhuma base de realidade e ter sido desmentida pelas autoridades policiais, conduzindo a ameaças reais de morte, contra o proprietário do estabelecimento e dos seus funcionários.

E um dos primeiros exemplos de deepfake ocorreu em 2019, quando um vídeo atribuído à presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, foi manipulado para fazer parecer que estaria embriagada ou que sofria de problemas de saúde, tendo esse vídeo sido amplamente partilhado nas redes sociais, constatando-se todo o potencial dos deepfakes para disseminar desinformação e difamar pessoas públicas.

Ambos os casos ilustram como as fake news e os deepfakes podem ter consequências reais e prejudiciais, destacando-se a importância de estar atento e verificar a veracidade das informações antes de acreditar ou partilhar.

Estes fenómenos são tanto ou mais prejudicais, quando é do conhecimento geral, que as pessoas estão cada vez mais interessadas na informação veiculada pelas redes sociais, especialmente os mais jovens, onde formam a sua opinião, nomeadamente a política.

As fake news e os deepfake têm o potencial de dar a volta ao mundo, com um simples clique, com a agravante dos fazedores de fake news se estarem a tornar cada mais sofisticados, à medida que o incentivo financeiro também cresce, servindo para patrocinar páginas que propagam fake news e deepfake, que são partilhadas imediatamente, sem se investigar a origem, dando-as como credíveis.

Por isso é importante verificar as fontes da notícia ou da informação antes de a partilhar ou nelas acreditar, devendo conferir se a notícia vem de uma origem fidedigna e se foi corroborada por outras fontes.

Sempre que tiver dúvidas, deve recorrer a páginas de verificação de fatos confiáveis para confirmar a veracidade das informações ou das notícias, existindo atualmente várias que são dedicadas ao jornalismo de investigação e que fazem esse trabalho, e que também recorrem ao uso de tecnologia, nomeadamente o uso de algoritmos de deteção de fake news e deepfakes, que ajudam a filtrar conteúdo falso nas redes sociais e na internet em geral.

A atenção aos detalhes é muito importante, pelo que deve estar atento às pistas de que uma notícia pode ser falsa, tal como erros gramaticais, informações sensacionalistas ou fontes anónimas.

Também muito importante é o seu nível de educação digital, pelo que de promover a sua educação digital para o capacitar em reconhecer e lidar com fake news e deepfakes, cujo primeiro passo é saber que existem e por isso ser muito importante essa educação começar logo cedo na escola, porque hoje os nossos alunos, muito cedo se iniciam na navegação digital, quase sempre através dos smartphones.

Com maior educação digital vem maior responsabilidade, pelo que cada um de nós tem a responsabilidade de não contribuir para a disseminação de desinformação e antes de partilhar algo, pense se está a contribuir para o problema ou para a solução.

E por último a regulação, onde as autoridades devem considerar a implementação de regulamentações adequadas para combater a disseminação de fake news e deepfakes, sem comprometer a liberdade de expressão, pelo que ao serem adotadas estas medidas preventivas irão com certeza promover uma cultura de responsabilidade e verificação de notícias e informações, podendo-se assim ajudar a mitigar os efeitos negativos das fake news e deepfakes na sociedade.

Terminamos relembrando que as notícias ou os vídeos falsos, enganadores ou duvidosos são prejudiciais de inúmeras maneiras, tendo como objetivo principal desinformar o público, sem esquecer os relatos pseudocientíficos, sem pesquisa, fundamentação ou revisão dos pares, que podem ter implicações graves na saúde pública, assim como as lendas urbanas, que são frequentemente aproveitadas como notícias verdadeiras, que só um público maduro e informado pode combater, sendo normalmente nos momento pré eleitorais que este fenómeno tem maior expressão.


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