Odemira: Perímetro de Rega com menos água e menos área regada entre 2019 e 2023.


Em 2023, o Perímetro de Rega do Mira gerou um impacto de 502 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto (VAB) e mais de 130 milhões de euros em receitas fiscais. Se ultrapassados os constrangimentos ao fornecimento de água, a região teria gerado, em 2023, um impacto de 742 milhões de euros em VAB e mais de 190 milhões de euros em receitas fiscais.

Uma gestão mais sustentável da água, uma modernização das infraestruturas de distribuição e a ligação com outras baciais hidrográficas, nomeadamente, a do Guadiana, tendo como principal afluente a albufeira de Alqueva, é uma das principais conclusões do relatório sobre o Perímetro de Rega do Mira (ORM), apresentado esta terça-feira, pela Lusomorango-Organização de Produtores de Pequenos Frutos e a consultora YE.

O Plano de Impactos da Produção e Comercialização de Pequenos Frutos (PIPCPF) apresenta os dados do impacto económico e o potencial da atividade agrícola do PRM, enquanto gerador de emprego no concelho de Odemira, com fortíssimo impacto na freguesia de São Teotónio/Zambujeira, onde se localizam as estufas.

Uma das importantes conclusões do PIPCPF tem a ver com a diminuição do volume de água fornecida aos agricultores e a área regada por estes entre 2019 e 2023, tendo a primeira caído 72% e a segunda 24%. Ainda assim, existe uma melhoria na eficiência do uso da água e a sua escassez é apontada como o principal fator limitador da expensão da agricultura na região.

O estudo defende a ligação das bacias do Guadiana (Alqueva), do Mira (Santa Clara) e do Barlavento (Odelouca/Monchique e Bravura/Lagos), como solução estratégica para o transvase de água entre regiões. A proposta da Lusomorango, sustenta que o abastecimento teria como ponto principal Alqueva numa ligação com a Santa Clara, com ligação pela barragem do Roxo (Aljustrel), servindo a albufeira do concelho de Odemira como a distribuidora de água às outras ligações no Algarve.

No passado dia 15 de dezembro a ministra do Ambiente tinha anunciado em Faro que estava solução estava a ser estudada, depois da Espanha ter autorizado a utilização de 60 hectómetros cúbicos do rio Guadiana. Maria da Graça Carvalho, referiu que “permite utilizar 30 hectómetros cúbicos para a tomada de água no Pomarão visando o abastecimento ao Sotavento (leste) algarvio e o restante caudal para reforçar Alqueva”, justificou.

A consultora YE sustenta no relatório que “é necessário concretizar um Plano Nacional da Água que reforce a disponibilidade de água nas regiões mais afetadas pela seca”, defendendo a necessidade de “construção de novas barragens e a implementação de sistemas de interligação de sistemas de interligação entre bacias hidrográficas”, justificam.

Definido como um projeto estruturante para a região, os 12.000 hectares do PRM têm um forte impacto económico no país e na região e na empregabilidade que o sector oferece.

Segundo o relatório, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 2023 foi de 502 milhões de euros, 309 milhões gerados em Odemira e os restantes 210 milhões de forma direta. Ao nível do emprego o projeto viabiliza em média 13.228 empregos anuais, dos quais 11.586 estão localizados em Odemira, gerando estes últimos 198 milhões em remunerações locais.

Caso o aproveitamento da área inscrita para rega entre 2019 e 2023 o impacto médio anual do PRM teria sido de 605 milhões de euros, o número de empregos seria de 21.824 enquanto que as remunerações tinham chegado aos 341 milhões de euros.

Teixeira Correia

(jornalista)


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