Aniversário: Faz hoje 108 anos e é a mulher mais idosa do Alentejo e das mais velhas de Portugal.


Ana Rosa do Cabo já passou e viveu tudo: pandemias, guerras, mudanças de regime e catástrofes climáticas durante a sua vida. Tem dois filhos, quatro netos e três bisnetos.

É de Vera Cruz, concelho de Portel, a mulher mais idosa do Alentejo e das mais velhas de Portugal. Ana Rosa do Cabo comemora 108 anos este sábado, dia 25 de janeiro. Nasceu naquela aldeia em 1917, quando a localidade tinha 810 habitantes e que agora está reduzida a 378 pessoas, a esmagadora maioria idosos.

Há 5 anos que a mulher vive na vila de Portel, no Lar da Santa Casa da Misericórdia, e é descrita como “meiga, simpática, lutadora incansável e com uma indomável força de viver”. Durante a pandemia do Covid-19 contraiu a doença no lar, mas ultrapassou a mesma com grande resistência, apesar de na altura já ter ultrapassado o Centenário.

Ana, nasceu filha de Joaquim Bernardo e Maria Gertrudes do Cabo, tem dois filhos, quatro netos, dois rapazes e duas raparigas e três bisnetas, tendo ficado viúva há três décadas e já viveu de tudo um pouco, desde pandemias, guerras, mudanças de regime e catástrofes climáticas, além de uma longa vida de trabalho no campo.

José Espadeiro, um dos filhos, recorda que a mãe “foi uma mulher dura no difícil trabalho do campo. Saia com o meu pai antes do sol nascer e chagavam a casa já o sol se tinha posto, depois de fazerem 25/30 quilómetros a pé todos os dias”, justificou.

É uma mulher devota que sempre que podia ia à Igreja do Santo Lenho, que deve o nome ao que se acredita ser parte da cruz onde Cristo foi crucificado, tendo chegado a Vera Cruz pelas mãos de cruzados que combateram no norte de África.

“Lembro a minha mãe como uma mulher muito devota. Sempre que podia ia à igreja agradecer tudo o que conseguia, fruto do muito trabalho. No início deste século, numa viagem pastoral a Vera Cruz, D.Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Évora, fez uma visita a nossa casa para conhecer e rezar com a minha”, disse José Espadeiro.

Ana Cabo ainda hoje fala aos filhos, netos e bisnetos na apanha das silarcas (Amanita Ponderosa), uma espécie que vive entre azinheiras e sobreiros e que pode ser encontrada, no mês de março, nos montados que rodeiam a aldeia de Vera Cruz.

Teixeira Correia

(jornalista)


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