O mês de outubro, por motivo do “Dia Internacional do Idoso”, que se comemora no primeiro dia do mês, é por inerência o mês do idoso, tendo esta efeméride sido instituída em 1991 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar os mais idosos, muitas vezes esquecidos pela sociedade e pela família.
Coronel da GNR
Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna
A Guarda Nacional Republicana (GNR) valendo-se da sua implantação em todo o território nacional, desde as zonas urbanas até às zonas mais recônditas do nosso país, cuja área abrange 94% do território nacional e 56% da população residente, com recursos humanos possuidores de formação específica e motivados, realiza um conjunto de atividades, no apoio aos idosos, constituindo-se como entidade de primeira linha e articulando-se com as instituições de resposta, no entanto não se substituindo a estas, conseguindo uma enorme visibilidade e consequente reconhecimento, junto destas entidades que trabalham com idosos.
Já aqui abordámos por diversas vezes, o trabalho que os militares da GNR desenvolvem no âmbito do programa Apoio 65 – Idosos em Segurança, sendo essa atividade conhecida e reconhecida por toda a população, especialmente a mais idosa, bem como pelas entidades que são parceiras da GNR, nas iniciativas que desenvolve, tornando-a provavelmente, a instituição que mais apoia e conhece esta franja da população portuguesa, que tende a aumentar todos os anos, obrigando a GNR a encontrar soluções e a inovar, de modo a manter-se na linha da frente no apoio aos idosos.
Uma dessas inovadoras iniciativas é a Operação Censos Sénior, que foi para o terreno pela primeira vez em 2011, com o objetivo de combater a solidão e o isolamento dos idosos, e prevenir situações de perigo, devido à sua condição de maior vulnerabilidade, na sequência de uma idosa ter sido encontrada morta na sua residência em fevereiro de 2011, em Rinchoa, concelho de Sintra e que estaria morta há nove anos, sem que ninguém tivesse tido conhecimento do seu falecimento, cujo trabalho realizado tem por isso, como principal intenção, prevenir que outros idosos sejam encontrados mortos, sem que ninguém lhes preste socorro, porque nenhum ser humano deve morrer sem assistência, muito menos um idoso.
Assim, a Operação Censos Sénior volta mais uma vez ao terreno, pela 14ª vez consecutiva, entre o dia 1 de outubro e o dia 15 de novembro, cujos militares da GNR irão atualizar os dados do ano passado, quando foram sinalizados 44.114 idosos a viver sozinhos e/ou isolados, tendo como preocupação apoiar e proteger os idosos, especialmente aqueles que vivem sozinhos e isolados e não raras vezes abandonados pela família e esquecidos pela sociedade.
Por isso, não constitui nenhuma surpresa, que a Operação Censos Sénior foi considerada em 2012, como boa prática, no estudo elaborado pela Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa, sobre “O Envelhecimento da População: Dependência, Ativação e Qualidade” onde é referido que “… a Operação Censos Sénior… apresenta-se como uma das intervenções de grande contributo no conhecimento prático sobre esta temática em Portugal, ao cooperar para a caracterização desta população a nível nacional e na sinalização de situações de vulnerabilidade que carecem de acompanhamento social… Em Portugal, considera-se como uma boa prática o trabalho desenvolvido pela GNR, enquanto projeto que funciona como plataforma que identifica situações de pessoas idosas isoladas em situação de risco e vulnerabilidade e as encaminha para os serviços de apoio adequados a situação”.
Fruto do conhecimento que a GNR possui sobre a população idosa residente na sua área de responsabilidade, um consórcio encabeçado pela Microsoft, convidou a GNR em 2014, para participar no projeto Ambient Assisted Living for All (AAL4ALL), que tem como objetivo o desenvolvimento de um ecossistema de produtos e serviços de ambient assisted living (ambiente assistido), e que foi validado através de um piloto de grande escala, realizado na Zona de Ação do Comando Territorial de Évora.
Para realização do piloto de grande escala, foi atribuído à GNR a responsabilidade de proceder à seleção dos idosos, de acordo com os critérios definidos pelo consórcio, tendo os mesmos recebidos em sua casa vários equipamentos tecnológicos, com a missão de monitorizar um conjunto de sinais remotamente controlados, por dois níveis de supervisão, um primeiro identificado como cuidador informal, constituído por um militar da GNR e um segundo nível, através da “Sala de Situação” do Comando Territorial de Évora, cuja guarnição disponha de uma plataforma para acompanhamento de todos os idosos inseridos no piloto.
Aproveitando o conhecimento que a GNR possui sobre os idosos, aliado à tecnologia existente para apoio desta população, o Comando Territorial da Guarda, implementou em 2017 uma iniciativa de apoio aos idosos através da teleassistência, denominado eGuard, dirigida aos idosos que vivem sós e isoladas, tendo para o efeito sido formalizados protocolos de cooperação com as autarquias do distrito da Guarda, tratando-se de um projeto inovador que permite garantir respostas imediatas e efetivas, no âmbito da prevenção e promoção da qualidade de vida de pessoas vulneráveis, através da criação de respostas integradas, sobretudo nas componentes fundamentais da segurança, do socorro e da ação social, visando combater os efeitos negativos das situações de isolamento e solidão, através da criação de respostas integradas e aproveitando as sinergias que cada parceiro poderá desenvolver, sobretudo nas componentes fundamentais da segurança, do socorro e da ação social.
O projeto eGuard que nasceu pela mão da GNR da Guarda já foi, entretanto, alargado a outros distritos sendo intenção do Comando da GNR, que o eGuard esteja presente em todo o território nacional, para que nenhum idoso em situação de isolamento e ou a viver sozinho fique sem o apoio necessário.
Com a intenção de continuar a inovar e a responder a todas as solicitações que lhe são dirigidas, a GNR associou-se em 2017 ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) na realização de ações de sensibilização conjunta com aquele serviço no âmbito do Programa Apoio 65 – Idosos em Segurança, tendo a GNR alertado e sensibilizado os participantes para a adoção de procedimentos de segurança, para que evitem ser vítimas de crimes, em particular de situações de violência, burlas, furtos e roubos, constituindo-se esta ação de sensibilização como uma iniciativa multidisciplinar com uma abordagem abrangente e integradora do SNS que pretende estar cada vez mais próximo dos cidadãos, especialmente dos mais vulneráveis.
Por isto e muito mais, é aos homens e mulheres da GNR, que contribuem diariamente para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, a quem deve ser atribuído o mérito da GNR ser reconhecida como a entidade que mais trabalho realiza no apoio aos idosos, mantendo-ano após ano na linha da frente no apoio aos idosos.
Nota: O texto constitui a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição da instituição onde presta serviço.