Ameaça de invadir Lisboa, caso o Governo não alterem as políticas agrícolas, perda de maioria absoluta nas próximas Legislativas e acusações à Confagri, foram notas do discurso de Luís Mira, da CAP.
Liderados pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), os homens da terra deixaram ontem em Beja, a ameaça ao Governo de que se até ao próximo dia 24 de março, data da nova manifestação em Évora, “se não existirem alterações nas políticas aplicadas no sector, vamos invadir Lisboa em protesto”.
O secretário-geral da CAP, lembrou a António Costa os protestos contra o então ministro da agricultura, Jaime Silva, do Governo de José Sócrates, foram muito duros: “também tinha maioria absoluta e nas eleições seguintes perderam 250.000 votos. Os que estamos aqui somos suficientes para fazer acontecer o mesmo”, disse.
Luís Mira justificou que os agricultores “não estão a pedir dinheiro, mas a protestar contra a incompetência do Governo em aplicar as medidas comunitárias à disposição da agricultura. Se não se muda o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PREPAC) muda-se a ministra”, defendeu.
O número dois da CAP acusou a CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal) de estar ao lado do Governo. “Estão a dar colo à ministra. Não estão aqui estão contra nós. Hoje em Beja está todo o Alentejo deste mundo”, concluiu Luís Mira.
Apesar da muita chuva que caiu durante toda a manha, Beja recebeu a maior manifestação das cinco promovidas pela CAP desde janeiro, onde estiveram mais de 800 tratores que entupiram todos os acessos à cidade alentejana. Muitos descreveram este protesto como o mais participado de sempre no Alentejo, depois de há 25 anos, em Ourique os agricultores terem cortado o IC1, a única via que ligava Lisboa ao Algarve, e que levou a uma violenta intervenção da GNR.
“A indignação, inoperância, incompetência e incoerência do Ministério da Agricultura nas medidas que são tomadas e a ministra é o rosto desse desnorte”, sintetizou ao Lidador Notícias o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa.
Rui Garrido, agricultor e presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo, destacava o facto do mau desempenho do Governo “levou à união dos agricultores como há muito não se via. O PEPAC que foi feito há cinco anos sem nos consultarem, vai em breve ser revisto”, assegurou. Perante a muita chuva que caia em Beja Garrido gracejou: “até Deus está com os agricultores e mandou-nos chuva. Protesto molhado é protesto abençoado”, rematou.
As palavras dos agricultores foram todas no mesmo sentido, lamentando a atuação do Governo liderado por António Costa e em particular da ministra Maria do Céu Antunes. “O mundo agrícola não esta esquecido, está ultrapassado”, disse José Cravinho, agricultor de Vale de Açor de Baixo, concelho de Mértola. Por seu turno, José Eduardo Goncalves, vindo de Elvas, justificava que “os custos da produção são incomportáveis, passaram de 500 para 1.000 euros o hectare”, resumiu.
Apoiando os agricultores do concelho, a título pessoal, marcou presença na manifestação o presidente da Câmara Municipal de Moura, lembrando que “foram os mais massacrados dos últimos anos. É urgente que Governo e agricultores se entendam pata bem da agricultura”, sintetizou o autarca socialista.
Teixeira Correia
(jornalista)