O preço da água do Alqueva vai sofrer apenas um aumento de acordo com o valor da inflação. A garantia é de Rui Garrido, presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA), certo de que esta é uma “excelente notícia para os regantes”, já que, em cima da mesa, estava uma subida das tarifas superior a 80%, afiança.
Na passada quinta-feira na sessão de abertura da Ovibeja, Rui Garrido deu voz à revolta dos agricultores, assinalando que, “já com a campanha de rega em curso”, a EDIA (empresa gestora do Alqueva) fez uma proposta de aumento de preços para 2023. “Uma subida de 140% para os regantes diretos, em baixa pressão e para os perímetros de rega confinantes, e de 80% para os perímetros diretos, em alta pressão”.
Se tal viesse a suceder, “a maior parte das culturas anuais ficaria inviabilizada e colocaria em risco grande parte das culturas permanente”, alertou. Essa foi, aliás, uma das “preocupações contidas na carta à ministra da Agricultura”.
Financiamento negado
Ao Lidador Notícias, fonte da EDIA revelou os novos preços por metro cúbico de água fornecido a partir de Alqueva. “Para os regantes em baixa pressão, passa de 3,2 para 3,51 cêntimos e para os que recebem água em alta pressão passa de 5,9 para 6,48 cêntimos. Este valor foi indexado aos três primeiros meses do ano”, justificaram.
Um dos factos que mais influência o preço da água, é o custo com a energia. A EDIA tem instalado sistemas fotovoltaicos para reduzir custo por metro cúbico fornecido aos regantes.
Rui Garrido revelou que “um financiamento, pedido pela EDIA ao Banco Central Europeu, para a criação de mais unidades eólicas, fora recusado pelo Ministério das Finanças, um investimento decisivo para baixar o preço da água”. A 29 de outubro de 2019, a EDIA anunciou que tinha lançado o maior projeto flutuante da Europa, financiado em 45 milhões de euros pelo Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa e os restantes cinco milhões de capitais próprios da empresa. A energia até agora produzida é para autoconsumo, o que permite à EDIA uma poupança de 60% sobre o volume da faturação, e o excedente é introduzido na rede nacional.
Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva
O empreendimento do Alqueva tem 12 .414 hectares de regadio, espalhados por 25 perímetros de rega em exploração, sendo que, na campanha de 2022, a EDIA recebeu 2009 pedidos de utilização de rega numa área de 109 383 hectares. No ano passado, os regantes consumiram um volume de 390 388 989 metros cúbicos (m3) de água, 76% do total; as associações de beneficiários 105 667 593 m3, 20%; e o Grupo Águas de Portugal os restantes 4%, no total de 9 691 651 m3.
Teixeira Correia
(jornalista)